O barulho do salão ainda ecoava ao longe, mas ali, na parte externa da loja, sob as luzes amareladas dos refletores e com a brisa noturna bagunçando levemente os cabelos, o mundo parecia ter diminuído o volume. Ethan e Rafaella estavam sentados lado a lado em um banco de madeira próximo ao jardim vertical. Tinham saído para “tomar ar”, mas, como sempre, haviam caído em uma conversa acalorada sobre arte.

— Impressionismo é superestimado. — dizia ela, empurrando os óculos com o dedo. — Tão sentimental, tão… preguiçoso.

— Preguiçoso? — Ethan soltou uma risada abafada, virando-se para encará-la. — Você fala isso só pra me provocar. Impressionismo é a alma da emoção crua. É o que separa artistas de ilustradores meticulosos.

— Ou o que separa quem sabe desenhar de quem só sabe borrifar tinta com drama.

— Ofensivo e tendencioso. Você deveria colocar isso como lema no seu portfólio.

Ela riu com o canto da boca, mas não respondeu de imediato. Por um momento, seu olhar se perdeu nos ol