Eu o encarei como se estivesse diante de um ser de outro planeta, completamente perplexa. Mais uma vez, Davi conseguiu superar os limites da minha compreensão:
— É a primeira vez que ouço alguém transformar traição em um ato heroico, como se fosse um gesto altruísta e grandioso. Davi, suas escolhas são problema seu, eu não tenho nada a ver com isso. Mas as minhas escolhas também são problema meu, e você não tem o direito de interferir. E eu já te disse qual é minha decisão: divórcio. Não há volta.
Davi manteve o mesmo tom firme de sempre:
— Eu não aceito. Mesmo que você entre com uma ação no tribunal, enquanto eu não concordar, o juiz não vai decretar o divórcio.
— É verdade, o tribunal tenta reconciliar as partes na primeira audiência. Mas na segunda, não tem conversa: o divórcio será decretado. É só uma questão de alguns meses. — Respondi, com a mesma firmeza.
Ao perceber que eu não cederia, ele ficou em silêncio por alguns instantes. Depois de um breve intervalo, sua expressão mudou