– Você está melhor agora? – Aurora perguntou, segurando-a pela mão esquerda.
Carmem Lúcia ainda tremia, embora estivesse um pouco mais forte a aquela altura. Os olhos tempestuosos transmitiam tanta tristeza quanto desconfiança de que quando o dono da casa chegasse, certamente a expulsaria daquele quarto.
– Eu estou bem, mas não sei como superar isso.
– Por que não pergunta para a sua amiga como se faz?
– Como assim? – Carmem tentou parecer desentendida, embora ela temesse que o marido soubesse a aquela altura.
Como ela poderia explicar-lhe todas as crueldades que fizera dentro daquele manicômio, torturando mulheres que nem mesmo eram verdadeiramente loucas? Como ela o diria que acobertou abusos e que roubou o bebe de uma mulher que acabara morrendo em uma greve de fome infindável?
– Eu não sei... Por que você não me diz?
– Ele está falando sobre uma amiga. Eu comentei com ele que uma conhecida acabou perdendo o bebê. – Ela o encarou com severidade, torcendo para que aque