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Capítulo 3 - Inspirado

Eu não sabia ao certo como me sentir com relação ao que eu havia acabado de ouvir, mas vi meus companheiros de quarto suspirarem em uníssono ao que o capitão deixou o dormitório.

Parecia que eles estavam acostumados com aquele tipo de coisa, já que ninguém se deu ao trabalho de falar algo para aquele homem.

– E isso são modos de falar com uma dama?

Carlo comentou com o irmão do, até então, capitão do nosso grupo que por sua vez me olhou com um pouco de pena.

– Eu sinto muito por isso, tenente. Meu irmão não acredita muito em... como eu posso dizer?

Percebendo que Damon estava escolhendo muito as palavras que diria a seguir, eu dei um sorriso polido disfarçando o que eu verdadeiramente estava sentindo.

Eu não sei porque eu ainda não me acostumei com essas coisas. Era tão recorrente e mesmo assim eu não conseguia achar aquilo normal.

– É porque eu sou mulher, não é?

Mesmo sabendo da resposta eu questionei e vi o quarto cair mais uma vez em um silêncio absoluto.

Tanto Carlo quanto Ravi olharam para Damon em busca de uma outra resposta que não fosse aquela, mas infelizmente eu estava certa.

Ser subestimada já era do meu cotidiano, afinal eu era uma mulher nas forças armadas, era óbvio que isso iria acontecer.

– Eu não penso assim, senhora.

Ravi disse baixinho e eu quis sorrir, mas impedi a mim mesma de fazer isso.

Precisava manter meu coração fechado ou não sobreviveria aqui ou em qualquer outro lugar.

– Eu muitíssimo menos!

Afastando a bagunça em sua cama para achar seu uniforme Carlo sorriu para mim e eu apenas acenei a cabeça em um agradecimento.

– Eu também não, tenente.

Reiterou Damon por fim, atraindo meus olhos para ele e eu naquele momento senti uma vontadezinha de chorar que eu logo abafei em meu peito.

Eu estava sozinha em um país estranho, com gente estranha e precisaria confiar neles se quisesse me manter viva, então não havia outra escapatória se não suportar o desprezo do capitão e a pena dos meus colegas de trabalho.

E eu odiava que sentissem pena de mim.

Equipe Omni, Equipe Delta e Equipe Tetta, apresentem-se no campo de treinamento para a marcha matinal.

Soou os alto-falantes e eu, respirei fundo acostumada à aquele tipo de rotina, apertei meus coturnos vesti uma blusa térmica por baixo da que eu estava usando e fiz um novo coque em meu cabelo, tudo isso de costas para os meus companheiros de quarto.

Claro que a vergonha estava me corroendo por dentro, mas aquilo não era mais doloroso do que um tiro ou uma facada.

E meus companheiros de quarto eram até que muito respeitosos em comparação com outros homens com quem eu já havia topado em meu antigo quartel.

Ao menos a vergonha de estar me trocando na frente deles me fez esquecer momentaneamente o incidente com o capitão.

– Quer uma dica? Coloque uma meia extra...

Ravi sussurrou assim que me viu apertar os coturnos e eu olhei em volta vendo que Carlo e Damon faziam o mesmo, me fazendo agradecer em um sussurro e colocar outra meia por cima das que eu já estava usando.

E bem, posso dizer que Ravi estava certo.

Estava muito frio e o céu estava tão nublado que nem parecia ser de manhã, mas mesmo assim já estávamos em formação no campo de treinamento.

Todos os os oficiais estavam de trajes de cor preta, me fazendo crer que todos eram de alguma forma também de equipes interligadas às forças especiais.

O discurso que se seguiu apenas confirmou isso:

– Bom dia, senhoras e senhores. Gostaria de dar as boas vindas aos nossos novos integrantes das forças especiais.

O coronel gritava na frente daquele batalhão que unia as três equipes que permaneciam estáticos mesmo com a neve caindo sobre nossos ombros.

Meu corpo tremia de frio, mas minhas mãos permaneciam paradas ao lado do meu corpo enquanto eu esperava em posição de sentido impaciente pelo momento em que começariamos a marchar e meu corpo esquentaria.

Contudo, o coronel não parecia com a menor vontade de apressar seu discurso já que ele continuou:

– Vocês são a excelência do exército, não temos soldados rasos e nem recrutas aqui, somente oficiais, então não espero nada além da perfeição vindo de vocês.

O coronel falava lentamente como se ele não estivesse sentindo o frio do local e eu já podia escutar algumas pessoas ao meu lado murmurando e reclamando, atraindo minha atenção para quem eram os indivíduos que estavam ao meu lado.

E movendo meus olhos lentamente para sanar minha curiosidade, percebi que ao meu lado esquerdo estava Carlo e ao direito, como uma piada do destino, o capitão da nossa equipe.

Sim, o homem que me xingou.

Aquele da cicatriz sinistra.

E ele parecia muito mais assustador parado daquele jeito ao meu lado recebendo toda aquela neve sobre seus ombros sem nem mesmo se estremecer.

– Capitão Zervas, conduza o batalhão.

O coronel, depois de muito falar, atribuiu a responsabilidade ao homem que estava ao meu lado e ele prestou continência.

– Sim, senhor!

Ele gritou com aquela voz super grave e começou a dar ordens como um verdadeiro superior, mas o ritmo daquela marcha era insano. Não chegava a ser corrida, mas também não era uma marcha comum.

– Vamos, seus vermes, não aguentam nem marchar?!

Impulsionando os oficiais ao seu redor ele dizia em um sotaque puxado que eu não sabia identificar de onde era mas só deixava ele mais assustador.

Meus pulmões queimavam pelo esforço e pelo ar gelado que entrava e saía com dificuldade, mas me mantive no ritmo até a última volta no quartel.

Ao todo foram dez. Com toda certeza a maior marcha matinal que eu já havia feito em toda a minha vida, considerando que aquele quartel-general era imenso.

– Woah, parece que o capitão está de mau humor mesmo!

Ravi comentou baixinho enquanto caminhávamos para dentro da área comum para nos aquecer enquanto observávamos o capitão ainda do lado de fora punindo alguns oficiais com exercícios ainda mais puxados por eles terem desistido da marcha no meio do caminho.

Mesmo estando acostumada com a crueldade do exército aquilo ainda sim parecia desumano aos meus olhos.

– Ele é sempre assim?

Não hesitei em perguntar a Ravi que me estendeu uma garrafa d'água que ele havia conseguido.

– Cruel? Sim. Mas hoje ele parece especialmente inspirado.

Com um um risinho bobo, Ravi bebeu sua água enquanto eu agradeci e também bebi a minha sentindo minha garganta agradecer pela água morna.

Eu estava destruída e ainda estávamos na metade do dia.

– Mas por quê ele é assim?

A curiosidade estava me matando, tinha que haver um motivo para aquele homem se comportar daquela forma, certo?

O indiano ao meu lado deu de ombros terminando de beber sua água.

– Sinceramente, eu sei quase tanto quanto você. Eu conheci o Capitão Dimitri fazem menos de seis meses.

Dimitri, então esse era o nome dele. Pensei olhando pela janela da área comum vendo o capitão se aproximar de onde estávamos.

– Opa, acho que é hora de irmos!

Ravi riu tomando a iniciativa de sair dalí e eu também não me demorei a fazer o mesmo. Não estava disposta a passar a mesma vergonha de hoje cedo.

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