Olhando para a mulher pálida adormecida na cama, o coração de Theo parecia pesar cem quilos. O sofrimento que ela havia passado, a carga que carregou cuidando sozinha da mãe sem nenhuma apoio o deixou muito chateado. E por fim, ele ainda a feriu a ponto de a mandar de volta ao hospital.
Sua cabeça estava uma bagunça e doeu, como nunca doeu na vida. - Eu vou cuidar de você, não vou te deixar sofrer mais nada. Ele sussurrou perto dela. Mas ela não pôde ouvir. Quando Maysa acordou ainda estava dolorido o local dos pontos. Ao olhar ao redor seu corpo estremeceu, sentado à sua frente estava o seu ex chefe. - Você acordou, está se sentindo bem? Maysa não respondeu, lágrimas escorriam dos seus olhos pela dor física e a desilusão. A sua garganta estava seca. Theo apertou o botão ao lado da cama e o médico veio rápido acompanhado de uma enfermeira. - Sra Richat, Sou o Dr Wendel,sente dor? Ela afirma com a cabeça. E quando ele vai verificar a sua ferida ela segura a mão, olha em direção a Theo e ele entende. - Sr Montenegro por favor espere lá fora, vou avaliar a paciente. A contragosto Theo saí do quarto fechando a porta atrás de si. - Quer me dizer alguma coisa em particular? - Não quero ele aqui! - Sua voz sai rouca e baixa. - Não precisa ter medo, se houver alguma coisa errada é só falar. - Não tem nada errado. Só não quero ele aqui. - É uma situação complicada. Ele a colocou no melhor apartamento e exigiu os melhores médicos. Pagou a vista. Ela nada disse. - Só posso afastá-lo se tiver uma denúncia. - Tudo bem, esquece. Após examinar o ferimento ele orientou. - Precisa fazer repouso por quinze dias. Evite subir escadas e pegar peso. Proteja a ferida no banho. - como ela nada disse, continuou.- Vou prescrever a sua medicação. Se não sentir dor intensa, amanhã pode ter alta. - Obrigada Dr Wendel. - Se precisar de alguma coisa e só chamar. Logo a enfermeira deu-lhe um copo com água e os comprimidos. Theo voltou ao quarto e ela fechou os olhos o ignorando. - Não se preocupe com nada. Vou cuidar de você. - Não precisa! Sei que é muito ocupado, o Sr pode ir agora, eu estou bem. - Eu vou ficar aqui com você. Você quer que eu chame alguém? Ela negou com a cabeça sem abrir os olhos. Theo tentou conversar de todas as formas, mas Maysa o ignorou completamente. No jantar ele tentou ajudá-la, mas ela recusou. Somente quando a enfermeira veio e que ela aceitou ajuda para comer. Apesar do silêncio dela ele não desistiu, no dia seguinte quando teve alta Theo a levou para sua casa. Porém Maysa fica muito insatisfeita e recusa. - Sr Montenegro eu agradeço muito por me acompanhar. Mas vou para minha casa. - De jeito nenhum. Não tem ninguém para cuidar de você. - Não é um problema seu, nem funcionária sua eu sou mais, e ainda que fosse, você não teria que de sentir responsável por mim. - Desculpa Maysa! - Theo estava realmente envergonhado. - Eu me precipitei, não devia ter te demitido sem verificar os seus motivos. - A empresa é sua, não tem que se justificar. - Eu não gosto de ser injusto. Realmente entendi errado as suas faltas. Maysa não disse mais nada, permaneceu em silêncio o resto do percurso. A casa de Theo está localizada em Gold Coast, um paraíso a beira do lago Michigan e Maysa ficou chocada com a beleza do lugar. As grandes mansões e a localização era o retrato dos moradores dali. Somente pessoas ricas tem acesso ao que talvez seja o pedaço de terra mais caro de Chicago. Mesmo assim Maysa não estava feliz, queria mesmo era voltar para sua humilde casa no Avondale. - Sr Montenegro por favor me deixa ir para casa. - Ficará aqui por quinze dias. Depois que fizer um check-up e estiver ok, aí você volta. Maysa entrou no modo silencioso novamente, não tinha como discutir com esse cara tão teimoso. Na mansão Montenegro foi levada para o elevador e desceu em um quarto no terceiro andar da casa. - Você vai ficar nesse quarto, tem uma bela vista para o lago. - Theo deu a ela o melhor quarto de hóspedes da casa. - Espero que tenha uma boa recuperação. Mais tarde uma enfermeira vem te ajudar. Maysa se sentou no sofá e não demonstrou nenhum interesse. - Me passa seu endereço e faça uma lista do que quer que traga, vou mandar buscar o que você precisar. Diante do silêncio dela, Theo entendeu que não ia mesmo cooperar. Saiu do quarto e pediu para a governanta levar um lanche e preparar alguns itens pessoais. Ao subir ao quarto, volta com olhos arregalados. - Sr Theo ela não está lá. - Como não está? - Entrei no quarto e está vazio. - Peça a todos para procurar ela pela casa. E impossível que tenha saído. - Theo vai rápido para o quarto de Maysa. Depois de verificar pessoalmente viu que ela não estava. Saiu e desceu pela escada. Lá estava ela descendo lentamente e já quase alcançando o primeiro andar. - Maysa está sendo muito imprudente, não ouviu nada que o médico disse? Ela apenas olhou feio para ele e continua a descer as escadas no modo silencioso com a mão cobrindo a área dos pontos. Foi só quando ele a ergueu no colo que sua voz saiu. - Me solta, eu não vou ficar aqui. Não sou sua prisioneira. - Seja razoável, é para o seu bem. - Isso é sequestro e cárcere privado. Eu vou acionar a lei. - Que seja, desde que você fique bem, o resto resolvemos depois. Entrou no elevador e a levou de volta para o quarto. Voltou com ela para o quarto em seus braços e a colocou sentada na cama, mas não saiu. Sentou-se no sofá em frente e se pôs a encara-la. - Eu sei que está sofrendo, tanto pela cirurgia com a perda de sua mãe. Não é bom ficar sozinha no seu estado, por favor fique aqui e se recupere primeiro. Maysa se deitou de costas para ele e continuou em silêncio. Desde que foi trabalhar na empresa a cinco anos atrás, esse homem era a paixão secreta dela. Todas as vezes que ele aparecia na empresa seu mundo ganhava um brilho diferente. Ele era o rapaz mais lindo que ela viu na vida. Sonhava com ele dormindo e também acordada, no entanto ele nunca notou sua existência. Nunca lhe deu um olhar ou sequer trocaram uma palavra. Agora quando chegou a um metro dele, ele partiu seu coração profundamente. Maysa entendeu que apesar da beleza, ele era frio e materialista. Seu coração estava partido e decepcionado com seu primeiro amor. O telefone de Theo tocou o obrigando a sair do quarto. Era Kalel ligando.