Ella

Faltam seis dias. Penso, olhando para a data marcada em meu calendário. Faltam seis dias para eu descobrir se meus sonhos finalmente se realizarão... ou se terei de pensar em um plano totalmente diferente para minha vida.

Não pensei em mais nada desde que Cora me inseminou na semana passada, estou tão ansiosa para saber se estou grávida que nem comecei a processar a traição de Mike.

Estou tentando manter a cabeça fria, mas não consigo deixar de imaginar meu futuro com esse bebê. Por mais que eu tente, me pego sonhando acordada com ele o tempo todo. Até me pego cantarolando enquanto me preparo para o trabalho pela manhã.

Quando chego à propriedade do meu patrão no bairro mais exclusivo de Vale da Lua, o que basicamente o torna o bairro mais exclusivo do mundo, já que o Vale da Lua é uma das cidades mais caras do planeta, sou imediatamente recebida por duas pequenas vozes que gritam meu nome com entusiasmo. "Ella!"

Quando me dou conta, Millie, de 3 anos, está abraçando minhas pernas, enquanto seu irmão mais velho, Jake, passa os braços em volta da minha cintura. "Bom dia, amores!" Exclamo, retribuindo os abraços. "Vocês estão prontos para ir ao museu?"

"Sim!" Eles se animam e saem correndo pela porta sem nem mesmo parar para colocar os casacos. É preciso um pouco de esforço para que eles voltem para dentro e se agasalhem para o dia frio de inverno, mas em pouco tempo saímos.

Jake corre à frente de mim e de Millie, impaciente para chegar ao museu de ciências e parecendo não perceber que as pernas pequenas de sua irmã simplesmente não se movem tão rápido. Rindo, levanto Millie em meus braços e a coloco em volta do meu quadril. "Meu Deus, você está ficando grande demais para isso, pequenina."

"Não", Millie sorri, "você que é muito pequena."

Ela pode ter razão. Com um metro e cinquenta e cinco, não tenho exatamente o tipo de corpo adequado para levantar peso. Estou em ótima forma, mas nunca fui particularmente forte. "Espertinha". Eu provoco, rindo com a menina.

Quando olho para trás, na direção de Jake, percebo que ele parou alguns metros à nossa frente. Meu coração dispara quando percebo o motivo. Estamos em frente à mansão dos Sinclair, e seu proprietário está parado no meio da calçada, seu olhar me fitando enquanto me aproximo com Millie. Dominic Sinclair é o homem mais bonito que eu já vi, mas também é um dos mais assustadores.

Com cabelos escuros e olhos verdes penetrantes, feições esculpidas e um corpo tão musculoso que eu poderia desmaiar, não parece justo que ele tenha uma aparência tão boa e também seja tão rico. Se eu não o conhecesse bem, poderia pensar que é sua riqueza ou sua altura imponente que o torna tão intimidador, afinal, ele tem pelo menos 1,80 m, o que significa que ele se sobressai a mim e a todos ao seu redor. No entanto, não é nada disso, há simplesmente uma qualidade indefinível no homem que eu não consigo identificar, uma qualidade que grita perigo. Ele emite uma energia que é tão crua e animalesca que se esquece que há mais alguém na sala.

Respirando fundo, diminuo a distância entre nós para que Millie possa nos cumprimentar. Quando ela o cumprimenta, Dominic tira sua atenção de mim e lhe oferece um sorriso tão genuíno que mexe com meu coração. Enquanto o vejo conversar com as duas crianças, lembro-me do que Cora me contou sobre suas dificuldades com a infertilidade. Ele claramente adora crianças, e sinto uma onda de empatia por ele. Se alguém sabe o que é ansiar por uma família própria, esse alguém sou eu.

No momento, Jake está mostrando a Dominic seu novo avião de brinquedo, tirando o modelo de caixa de fósforos do bolso e demonstrando até onde ele pode voar. Com um grande impulso, ele faz o brinquedo deslizar pelo ar, aterrissando no meio da rua. Antes que qualquer um de nós possa dizer uma palavra, Jake corre atrás dele, direto para a rua movimentada.