Sem esperar que eles falassem algo, já saí abraçando Tomás.

Mário sugeriu novamente que o assistente me levasse, mas recusei imediatamente.

— Sr. Gomes, eu não pretendo incomodar sua vida, nem quero lhe causar qualquer transtorno.

Devolvi a ele agora o mesmo aviso que tinha acabado de me dar há pouco.

Ao voltar para o apartamento alugado, percebi que Tomás estava um pouco chateado.

— Mamãe, aquele tio e aquela tia de hoje não gostaram de mim, né?

Ele era uma criança muito esperta e sensível, sabia de tudo.

Acariciei sua cabeça.

— Claro que não, Tomás. Eles não desgostaram de você.

Na verdade, eles só desgostavam de mim.

O corpinho macio de Tomás se aconchegou em mim, esfregando o rosto no meu.

— Mamãe, eu te amo mais que tudo.

Senti meu coração aquecer.

Ainda bem que pelo menos Tomás me amava.

Dei um beijo em seu rostinho.

— Mamãe também ama muito o Tomás.

Depois que Tomás adormeceu, de repente recebi uma mensagem.

Era da Kátia.

[Cláudia, você tem um momento? Gostaria de conversar.]

Não queria me envolver demais com ela.

[Podemos resolver por mensagem.]

Mas, pouco depois, o celular tocou.

— Cláudia, estou aqui embaixo do seu prédio. Podemos conversar pessoalmente?

— Só quero te perguntar, você vai embora de novo? Eu e o Mário desejamos que você construa uma boa vida no exterior.

— Além disso, seu marido também está fora do país, não é? Ficar separados assim não é bom.

Tudo o que ela dizia tinha o mesmo significado.

Queria que eu fosse embora.

De repente, achei engraçado. Ela e Mário estavam casados há tanto tempo, e ainda se importava se eu ficava ou não.

Pelo visto, Mário também pensava o mesmo.

Já os incomodava tanto que nem suportavam me ter no mesmo país.

Depois de me certificar de que Tomás estava dormindo, fechei a porta suavemente e desci.

Kátia realmente já estava lá esperando.

Demorei muito para reunir coragem e encará-la nos olhos.

— Não vou mais embora. Vou ficar no país.

Também não tinha mais coragem de arrastar Tomás comigo para todo lado.

Kátia soltou uma risada sarcástica.

Agora, só nós duas, ela não se deu ao trabalho de esconder o desprezo no olhar.

— Cláudia, sei que você não tem dinheiro. Diga um valor que eu pago, contanto que você vá embora.

Não aceitei.

Kátia claramente se surpreendeu, e o desprezo em seu rosto ficou ainda mais evidente.

— Qual é o sentido de você ficar aqui? O pai do seu filho concorda com isso?

— Cláudia, espero que você reconheça o seu lugar. Eu e o Mário somos casados. Mesmo que você fique, nada vai mudar.

— Sua vida aqui será difícil. Por que não volta para o exterior...?

— Já disse, não vou embora. Isso é problema meu, não seu.

Minha voz ficou mais alta e o tom mais firme.

Ela saiu furiosa, encerrando nossa conversa.

Nos dias seguintes, continuei procurando emprego.

Mas toda vez que fazia uma entrevista, nunca tinha retorno.

Um gerente mais gentil me deu a entender que era por ordem da Sra. Kátia.

Só então percebi que Kátia estava dificultando minha vida aqui de propósito.

Assim, eu não teria alternativa a não ser ir embora do país.

Saindo de uma entrevista, recebi uma ligação do hospital.

Na noite anterior, quase não dormi, então marquei uma consulta para pegar remédios antidepressivos.

Durante a consulta, o médico disse que meu estado estava ruim e que só os remédios talvez não fossem suficientes.

Sugeriu que eu considerasse fazer algumas sessões de terapia.

Ouvi o mesmo conselho de médicos estrangeiros.

Naquela época, minha depressão já era bastante grave.

Ao abrir a porta, estava com a cabeça baixa, sem prestar atenção, e esbarrei em alguém.

— Desculpe...

Pedi desculpas imediatamente. Só então levantei a cabeça e vi que quem estava à minha frente era Mário.

Kátia estava ao lado dele.

Mário franziu a testa, como se não quisesse falar comigo, e virou-se para ir embora.

Nesse momento, ele notou o remédio em minha mão.

— Cláudia, você veio ao hospital por quê? O que está sentindo?