Capítulo 4
Um grupo de pessoas se aglomerou, mas eu não me movi, permaneci sentada calmamente no meu lugar.

Fiquei ouvindo as saudações deles e, depois de muito tempo, levantei a cabeça devagar e olhei para Mário.

Ele não tinha mudado muito em relação ao passado.

Mário vestia um terno caro, e Kátia segurava seu braço; quando se entreolhavam, havia muito carinho em seus olhos.

Ele estava cercado de pessoas e não percebeu minha presença no canto.

Depois de tantos anos, ele continuava sendo o centro das atenções, sempre o foco por onde passava.

A única pessoa que não estava bem era eu.

De repente, Kátia, com um sorriso no rosto, fez sinal para que Mário olhasse na minha direção.

— Mário, Cláudia também veio. Vocês não se veem há tantos anos, aproveitem para conversar. E, olha só, Cláudia ainda trouxe uma surpresa.

Ao ouvir "surpresa", o rosto de Mário não demonstrou nenhuma reação.

Ele primeiro pediu para Kátia o foie gras de que ela tanto gostava, e só então levantou os olhos para me encarar.

Tomás, um pouco assustado, agarrou-se à barra da minha roupa, parecendo desconfiado.

Mário obviamente também percebeu Tomás e, no rosto antes impassível, surgiu uma expressão de choque.

— Cláudia, o que está acontecendo?

Ele se referia a Tomás.

Eu nunca tinha mencionado Tomás para eles, por isso, ao verem que eu o tinha trazido, todos exibiram praticamente a mesma expressão.

Surpresa, zombaria.

Kátia fez questão de apresentar com entusiasmo.

— Mário, este é o filho da Cláudia. Olha só como ele é fofo, parece tanto com ela, já está grandinho, né?

O olhar de Mário ia e vinha entre mim e Tomás.

No final, ele ficou me encarando por um bom tempo.

Quando achei que ele não falaria mais comigo, ele finalmente falou, com a voz um pouco rouca.

— Nunca imaginei... Depois de alguns anos no exterior, você já se casou e teve um filho?

Levantei a cabeça e o encarei diretamente.

— Estou casada há alguns anos. Desculpe por não ter lhe contado.

O ambiente ficou em silêncio, ninguém disse uma palavra.

Mário me encarava, claramente incrédulo.

Kátia estava prestes a falar, mas Mário já havia se aproximado de mim.

— E o seu marido?

Baixei os olhos.

— Ele não pôde vir, estava ocupado.

Imediatamente, começaram cochichos ao redor, acompanhados de risadinhas.

Porém, por consideração a Mário, os convidados se contiveram e as zombarias não passaram dos limites.

O semblante de Mário era sombrio.

— Ele deixou você voltar sozinha do exterior? Uma viagem tão longa... Ele não tem medo de que algo lhe aconteça?

Esbocei um sorriso amargo.

— Naquela época, também fui sozinha para um país distante, e ninguém se preocupou se eu teria problemas.

— Agora que já sou adulta, menos ainda precisam se preocupar.

Na época em que ele me mandou para o exterior, eu nunca tinha viajado de avião sozinha, tampouco ido tão longe.

Estava cercada de desconhecidos e o medo de não falar a língua me consumia de desespero.

Mas ele nunca se importou.

O olhar de Mário ficou ainda mais frio.

Durante todo o jantar, quase não comi nada, sentia-me desconfortável.

Todos elogiavam Mário, exaltando o quanto ele e Kátia eram um casal perfeito e apaixonado.

Mas eu só queria ir embora dali logo e levar Tomás para descansar.

Alugando uma casa aqui, que nem seria tão cara, e arranjando um emprego, eu e Tomás teríamos uma vida tranquila.

Já não queria voltar para o exterior.

Depois do jantar, saí com Tomás, mas fui chamada por Mário.

Kátia também estava presente.

O olhar dele era gélido, e a voz, fria como gelo.

— Cláudia, agora que eu e Kátia estamos casados, espero que, daqui para frente, você não interfira mais na minha vida.

Kátia sorriu, encostando-se ao ombro de Mário.

— Mário, a Cláudia não faria isso. Ela já é mãe, sabe o que deve fazer.

Eles pareciam um casal apaixonado, enquanto eu continuava sendo a pessoa sobrando.

Não importava o tipo de promessa que eu fizesse, eles nunca acreditavam.

Assenti com a cabeça.

— Nunca mais, pode ter certeza.
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