No segundo ano que passei no exterior, Mário não foi mais tão rigoroso com a minha vigilância.
Conheci uma professora, Fernanda.
Ela era uma psicóloga muito competente; quando tive uma crise de depressão, procurei-a para uma sessão de aconselhamento.
Depois de lhe contar sobre meus sentimentos pelo meu tio, Mário, não ousei encará-la nos olhos dela.
Achei que ela também fosse me achar repugnante.
Afinal, era assim que os outros pensavam.
Mas ela não fez isso.
Com extrema delicadeza, Fernanda me consolou, encorajou-me e insistiu para que eu superasse aquele sentimento que me atormentava.
Chegou até a fazer algumas atividades comigo.
Ela me mostrou várias fotos do Tomás.
Naquela época, Tomás ainda era um bebê, Fernanda já estava divorciada, mas eu tinha certeza de que ela amava muito o filho.
Durante aquele período, Fernanda me ajudou imensamente e, aos poucos, fui saindo da sombra do passado e meu quadro clínico apresentou melhoras.
Até que, numa noite, o prédio inteiro pegou fogo.
Eu e