— Mas o Fernando também é humano, ele também se cansa. Muitas vezes eu o vi levantar no meio da noite para fumar um cigarro escondido. Sempre que isso acontecia, eu ficava com o coração apertado, me sentindo culpada por estar sendo um peso para ele. — Lídia balançou levemente a cabeça.
— Eu quis me separar dele, e não foi por mim, não foi porque eu o rejeitava. Foi porque eu o amava. Não queria vê-lo se desgastando assim por minha causa. — A confissão de Lídia parecia mudar completamente a percepção que eu tinha dela.
— Agora ele não está mais cansado. Nunca mais vai se cansar. — Murmurei, quase como um sussurro.
Lídia percebeu o tom de ironia no que eu disse. Sua voz foi ganhando força, quase um grito:
— Carolina, você nunca viveu um dia da minha vida! Você não entende o que é isso!
Ela me encarou com firmeza, mas, depois de alguns segundos, a raiva em seus olhos começou a se dissipar. Sua voz saiu baixa, um pouco trêmula:
— Carolina, sobre a morte do Fernando… Eu juro, eu nunca quis