HARRY RADCLIFFE
O grito da minha irmã veio primeiro.
Agudo e rasgando todo o ar.
Eu estava parado no meio da escada, como uma estátua rachada, os pés colados ao chão, e sabia, sabia com uma clareza cruel, que algo terrível estava prestes a acontecer.
O corredor lá em cima estava engolido pela penumbra, a luz fraca oscilando como uma vela prestes a apagar, e após longos segundos a consegui ver. Minha mãe estava ajoelhada diante do balcão, os cabelos loiros soltos colados à pele pelo suor, a respiração ofegante; ela segurava a mão de Íris, que soluçava baixo e permanecia com o rosto escondido entre os seus ombros.
Havia um homem que eu não reconhecia, uma simples sombra viva com o corpo disforme e o rosto mergulhado no breu, ele aproximou-se delas com uma lâmina longa demais para ser real.
O tempo dilatou com cada passo seu marcado no carpete.
— Não… — a palavra escapou de mim, mas não fez barulho algum e a minha garganta ardia, como se uma mão invisível a apertasse com força.
O primeir