Capítulo 99

HARRY RADCLIFFE

O grito da minha irmã veio primeiro.

Agudo e rasgando todo o ar.

Eu estava parado no meio da escada, como uma estátua rachada, os pés colados ao chão, e sabia, sabia com uma clareza cruel, que algo terrível estava prestes a acontecer.

O corredor lá em cima estava engolido pela penumbra, a luz fraca oscilando como uma vela prestes a apagar, e após longos segundos a consegui ver. Minha mãe estava ajoelhada diante do balcão, os cabelos loiros soltos colados à pele pelo suor, a respiração ofegante; ela segurava a mão de Íris, que soluçava baixo e permanecia com o rosto escondido entre os seus ombros.

Havia um homem que eu não reconhecia, uma simples sombra viva com o corpo disforme e o rosto mergulhado no breu, ele aproximou-se delas com uma lâmina longa demais para ser real.

O tempo dilatou com cada passo seu marcado no carpete.

— Não… — a palavra escapou de mim, mas não fez barulho algum e a minha garganta ardia, como se uma mão invisível a apertasse com força.

O primeir
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