— Você aceitou?

Senti uma pontada no coração. Era inacreditável.

Davi mostrou um semblante constrangido.

— Yasmin, como irmã mais velha, você também quer que ela melhore logo, né? O mestre de tarô disse que, assim que ela se casar, o corpo dela vai se recuperar rapidamente!

— E é só uma formalidade, não vai afetar nosso relacionamento. Você continua sendo a mãe da Bia, minha esposa. Eu jamais trairia você.

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, minha filha segurou minha mão, levantou o rostinho e implorou:

— Mamãe, a madrinha Ema anda tão triste, vive chorando escondida… deixa o papai ajudar ela, tá bom?

Fiquei paralisada.

Sim, anos atrás, mesmo com meu choro e protesto, eles insistiram em fazer da Ema a “madrinha” da minha filha.

Agora, esse título… até minha filha se dá melhor com ela.

Olhei para essa dupla de “pai e filha”, com os olhos já marejados, mas me forcei a conter as lágrimas.

Um era o homem que amei por tantos anos.

A outra, a filha que gerei arriscando a vida.

No mundo deles, Ema é a família. E eu? Apenas a “mãe exagerada”.

Olhei para Davi com calma.

— Tudo bem. Desde que vocês fiquem felizes.

Davi ficou surpreso e radiante, e rapidamente pegou os papéis de divórcio que já estavam preparados.

— É só assinar aqui.

— Mamãe, aqui a caneta!

Minha filha, prestativa, correu para me entregar a caneta.

Meu coração afundou — eles estavam mesmo ansiosos por isso.

Assinei rapidamente e devolvi os documentos.

— Assim que a Ema melhorar, a gente casa de novo, tá? Você é a mulher que eu amo. E a Bia sempre vai ser sua filha.

Davi dizia isso enquanto assinava o nome dele com agilidade.

Por dentro, eu estava arrasada, mas forcei um sorriso.

Eu não viveria tempo suficiente para ver esse “novo casamento”.

— Yasmin, você agora está muito mais compreensiva. Eu também cometi erros no passado, vou compensar você.

— Mamãe, você é tão boa com a madrinha… eu tenho orgulho de ter uma mãe como você!

Senti uma onda de ironia tomar conta de mim.

Ainda tinha um pouco de esperança neles. Agora, só restava um vazio completo.

Virei-me para subir as escadas, mas assim que levantei o pé, minha visão escureceu, o ar sumiu, e desmaiei.

Acordei com água fria sendo jogada no meu rosto.

Davi e minha filha me encaravam.

— Mamãe, por que está fingindo que desmaiou?

— Você nem está doente! Vive fingindo desmaiar pra enganar a gente. A gente vai levar sobremesa pra madrinha, anda logo, senão atrasa!

— Yasmin, eu já te garanti várias vezes: o divórcio é só formalidade. Eu não mudei meus sentimentos. Você não precisa fingir doença pra testar meu amor.

Eles me viram desmaiar e, ao invés de me socorrer, acharam que eu estava tentando manipular.

— Mamãe, você está com uma aparência ótima. Nem parece doente! Você já é adulta, devia ser mais madura que eu.

As palavras da minha filha doeram fundo.

Parece que os remédios do médico realmente funcionaram — eu realmente não parecia doente.

Mas em três dias… eu estaria morta.

— Tudo bem, estou melhor. Vou com vocês. Ainda faltam alguns papéis de transferência que a Ema precisa assinar.

Davi quis impedir, mas ao ouvir que os documentos ainda não estavam prontos, acabou concordando.

No hospital, Ema estava recostada na cama, com a aparência abatida.

À primeira vista, ela parecia realmente ser quem estava morrendo.

— Maninha, você veio! — Ema me cumprimentou com carinho.

— Maninha, obrigada por confiar em mim. Assim que eu melhorar, vou me dedicar com tudo para levar as joias da empresa ao mercado internacional.

— Isso mesmo, Yasmin, você sempre gostou de viajar, né? Agora que a Ema vai cuidar da empresa, você pode viajar tranquila e ainda receber dividendos. Que delícia! — Disse mamãe, radiante.

Eu também sorri:

— É, muito boa mesmo.

— Por isso, estou pensando em passar todo o dinheiro da minha conta, e todos os imóveis no meu nome, para a Ema. Assim, não preciso me preocupar com mais nada.

Todos congelaram com essa frase.