A semana seguinte foi um turbilhão de emoções e decisões. O que parecia ser uma leve esperança logo se transformava em uma carga de dor, e Bela sentia a pressão crescer a cada dia. As noites tornaram-se longas e insones, e os dias, um misto de expectativa e frustração. Cada segundo parecia carregar o peso de uma decisão não tomada, de palavras que nunca chegavam.Pravat estava diferente, mais distante. Ele tentava manter a fachada, manter a rotina e a compostura, mas o peso de sua família, da história que o aprisionava, parecia finalmente ter vencido qualquer tentativa de se manter próximo a ela. Ele a evitava, sem dizer nada, e Bela sentia um vazio crescente entre eles, uma linha tênue prestes a se romper. O sorriso que antes a fazia esquecer os problemas agora era apenas uma lembrança, e a ausência dele se tornava cada vez mais insuportável.Ela não podia negar que sentia a ausência dele de uma forma quase física. Cada mensagem sem resposta, cada olhar desviado, era como um golpe no
A noite caiu lentamente sobre a cidade, como um manto de veludo escuro que apagava os contornos dos prédios e silenciava o burburinho das ruas. As luzes amareladas dos postes piscavam tímidas, refletindo-se nas poças deixadas por uma garoa recente, como se até o céu estivesse indeciso, preso entre o choro e o alívio. Mas o pensamento de Bela estava em outro lugar — um espaço sombrio, interno, onde as sombras de suas dúvidas e medos se misturavam com os conflitos não ditos de Pravat. Ela tentava não pensar demais, mas era impossível ignorar a angústia crescente que se infiltrava como fumaça por cada brecha de sua alma.Ele estava se afastando. Ela sabia. Sentia. Não fisicamente — ainda —, mas emocionalmente. Como um fio de ligação que se parte em silêncio, um gesto que deixa de acontecer, um olhar que se evita. Como se o amor deles tivesse se tornado um fardo que ele não conseguia mais sustentar, embora ela ainda o segurasse com ambas as mãos, os dedos machucados pela insistência. Cada
O sol estava se pondo, tingindo o céu de Bangkok com tons alaranjados, vermelhos e dourados, como se o próprio universo estivesse ciente do peso das decisões que estavam por vir. O calor do dia se dissipava lentamente, mas a tensão no ar era palpável — densa, quase visível. As buzinas e o burburinho da cidade pareciam ecoar ao longe, como se o mundo estivesse em segundo plano para o que realmente importava: aquele momento.Pravat e Bela estavam sentados na varanda do apartamento dele, observando o horizonte. As luzes da cidade começavam a se acender uma a uma, refletindo no rio Chao Phraya, que serpenteava com lentidão sob as pontes e prédios antigos. A brisa leve balançava os cabelos dela, e o silêncio entre eles era menos sobre falta de palavras e mais sobre a presença esmagadora da realidade.Eles estavam mais próximos do que nunca — mais conectados em sentimentos, em propósito, em medo. Mas, como ambos sabiam, isso não significava que estivessem a salvo. O tempo parecia conspirar
A decisão de Pravat ecoou no ar, como um grito em meio a um silêncio ensurdecedor. Quando ele escolheu Bela, ele sabia que não estava apenas desafiando seu pai, mas também rompendo com um sistema que havia controlado sua vida por tempo demais. Era como quebrar as correntes de uma prisão invisível, cujas grades haviam sido forjadas com obrigações familiares, expectativas sufocantes e uma tradição que esmagava qualquer fagulha de autonomia. Mas as palavras do pai ainda ecoavam em sua mente como um trovão surdo:"Você acha que está pronto para isso?"Ele sabia que as consequências seriam dolorosas, mas naquele momento, nada mais parecia importar. Escolher Bela não era apenas um ato de amor — era uma afirmação de identidade, uma rebelião contra tudo que lhe fora imposto. Eles haviam escolhido um ao outro, e isso era o que realmente fazia sentido, mesmo que o mundo ao redor deles começasse a ruir. Ainda assim, Pravat não conseguia afastar a sensação de que uma tempestade estava prestes a c
A verdade sobre os planos de seu pai foi um golpe inesperado, devastador, como se o chão tivesse se aberto sob os pés de Pravat. Ele sempre soube que o pai era um homem ambicioso, controlador, até mesmo frio em muitos momentos… mas jamais imaginou que seria capaz de arquitetar algo tão ardiloso, tão vil. A revelação caiu sobre ele como uma avalanche, esmagando não apenas sua confiança, mas também todas as memórias que carregava da infância, todas as tentativas de compreensão, de justificativa. Aquilo que ele considerava conflitos naturais entre pai e filho agora se revelava parte de um jogo de manipulação muito mais sombrio. O choque foi um soco no estômago, uma traição que doía mais fundo do que qualquer ferida física.Durante dias, ele mal conseguiu dormir. Caminhava de um lado para o outro, como um animal enjaulado, tentando entender onde tudo havia começado a desandar. A raiva, no início, era crua, cega, como um fogo selvagem que ameaçava consumir tudo. Mas à medida que o tempo pa
As semanas seguintes foram uma verdadeira montanha-russa de emoções. A guerra contra o pai de Pravat já não era apenas uma disputa fria de poder. Estava se tornando uma tormenta pessoal, um vendaval de ressentimentos que soprava por todos os lados, corroendo certezas, desafiando limites. A batalha era travada em duas frentes: no campo público, onde a imprensa, alimentada por vazamentos seletivos e manchetes tendenciosas, fazia questão de transformar cada passo do casal em espetáculo; e no íntimo do coração de Pravat, onde as palavras ditas pelo pai, dias antes, reverberavam como ecos letais, abrindo rachaduras em sua convicção.A mente de Pravat era um campo minado. Em cada lembrança de infância, agora parecia haver uma armadilha. Seu pai, outrora um símbolo de sabedoria, revelava-se mais um arquétipo de controle do que um guia. O peso da responsabilidade herdada, misturado à dor da traição, era como uma âncora lançada ao fundo de um mar revolto: puxava-o para baixo a cada nova invest
A noite anterior ao confronto com sua tia foi longa e angustiante. Pravat não conseguia tirar da cabeça o que Sinn havia revelado: sua própria tia, a pessoa que ele mais respeitava em sua família, estava tentando destruir sua vida. Era difícil de acreditar. Uma mulher que sempre estivera ao seu lado, que o abraçava nos eventos da empresa com aquele ar de proteção maternal… agora era a mente por trás de tudo que ameaçava sua liberdade, sua carreira e o amor de sua vida.Ele sabia que precisava estar preparado para o pior, mas a dor de ser traído por alguém tão próximo era mais forte do que ele gostaria de admitir. Pravat nunca fora ingênuo — crescera cercado por poder, manipulação e aparências — mas ainda assim, nunca imaginou que a traição viria de dentro da própria casa.Bela, que estava com ele durante toda a preparação, percebia o peso que tudo isso estava causando. Embora ele tentasse manter a compostura, os olhos de Pravat denunciavam o turbilhão que ele tentava esconder.— Não p
A vitória de Pravat e Bela foi amarga.Embora a tia de Pravat tivesse sido desmascarada e afastada de sua posição dentro da Silken, o peso da luta estava longe de ser aliviado. Eles haviam vencido uma batalha importante, mas a guerra continuava — e o que parecia ser um marco de alívio estava se transformando em uma sequência ainda mais delicada de complicações. A sensação de justiça não era suficiente para curar as feridas ou dissipar as sombras que se acumulavam ao redor deles.Nos dias que se seguiram, a pressão sobre Pravat aumentou consideravelmente. Embora a imprensa estivesse repercutindo o escândalo com entusiasmo, e a equipe da Silken tentasse manter a estabilidade, Pravat sabia que nada ali era sólido. Sua tia era poderosa, sim — mas mais perigosa ainda era a rede de aliados que ela cultivara ao longo dos anos. Pessoas que ainda estavam à espreita, silenciosas, talvez aguardando o momento certo para atacar novamente. Ele podia sentir esses olhares invisíveis no ar, como respi