O som da campainha quebrou o silêncio do apartamento. Lívia olhou o relógio: 22h45. Estranhou. Não esperava ninguém.
Quando abriu a porta, encontrou Arthur, alto, impecável mesmo àquela hora, com as mãos nos bolsos e um olhar firme.
— Veio me seguir? — ela perguntou, erguendo uma sobrancelha.
— Vim saber se você chegou bem. — respondeu, mas a forma como sua voz carregava um peso denunciava que aquela não era a verdadeira razão. — Está sozinha?
— Claro. Por que não estaria? — retrucou, cruzando os braços. — Quer entrar para verificar?
Ele não respondeu, mas seus olhos percorreram o ambiente atrás dela rapidamente, como se buscasse provas invisíveis.
— Então… — Arthur começou, ajeitando o colarinho como quem tenta controlar a irritação. — Carona com o Marcelo?
Lívia arqueou uma sobrancelha. — Você não perde tempo, hein? Está me interrogando agora?
— Não é interrogatório, é só… curioso. — A palavra soou quase como veneno. — Você mal o conhece, te falei para ficar longe de