A manhã de terça-feira chegou arrastada para Lívia. O café quente não foi suficiente para afastar a lembrança do fim de semana — e, principalmente, do momento na sala de arquivo. Ela se pegou revendo mentalmente a sensação da mão de Arthur em seu braço, o tom grave da voz dele e a forma como os olhos pareciam atravessá-la.
Ao chegar à empresa, percebeu que a porta do escritório dele estava fechada. Nada de recados, nada de mensagens. Apenas silêncio.
Ela sentou-se à mesa, abriu o notebook e mergulhou no projeto da empresa de lingerie, determinada a agir como se nada tivesse acontecido. Não sabia se estava mais preocupada em evitar o assunto ou em evitar que ele notasse como a lembrança ainda a perturbava.
Meia hora depois, ouviu a porta se abrir. Arthur entrou, impecável no terno cinza, gravata ajustada e uma expressão neutra — ou quase neutra, já que havia algo mais sombrio no olhar.
— Bom dia. — ela disse, tentando soar profissional.
Ele apenas respondeu com um leve aceno e se