Duas tias me receberam na porta com beijos estalados nas bochechas e olhos brilhantes de entusiasmo. Eram irmãs da minha avó materna, senhoras com a energia de adolescentes em dia de festa. Ambas usavam vestidos floridos, colares de pérolas e batons rosados, com os cabelos grisalhos impecavelmente penteados e cheirando a lavanda e açúcar cristal. Uma delas me apertou forte, como se ainda me visse como uma menininha correndo descalça pelas festas de família.
— Olha só como está linda! — disse uma, sorrindo largo.— E que emoção... a nossa Larinha vai casar — completou a outra, já com os olhos marejados.Trocaram olhares cúmplices e, depois de mais um beijo estalado, anunciaram que precisavam sair logo para deixar “as moças à vontade”.— Não queremos atrapalhar esse momento das novas gerações! — uma delas disse, piscando. — E nem ver coisa demais, né?Riram com gosto antes de desaparecer pelo corredor