Nathaly
Inferno.
É exatamente isso que estou vivendo, um verdadeiro inferno. Com toda a certeza estou pagando por tudo o que fiz nesta vida e com certeza tem resquícios da outra também.
Liam me inferniza noite e dia pelas câmeras e estou evitando ficar perto dele.
Ele me odeia e sempre me chama de porca. Não gosto desse homem, ele me dá náusea todas as vezes que chega perto de mim.
Sempre me achei esperta e astuta, mas esse maluco é dez vezes mais. Sempre que eu me perco em pensamentos olhando pela janela do quarto que estou lembro da voz desse homem e sinto vontade de pular daqui de cima.
Ainda não me odeio o suficiente para tentar morrer, mas confesso que sinto uma vontade cruel de acabar com tudo isso de uma vez só.
Sei que se eu tentar fugir ele vai me achar e vai me matar, ou me acusar de roubo como ele mesmo já disse. Ninguém iria acreditar em uma mulher como eu. Dinheiro compra tudo, até mesmo a verdade ou a mentira.
Meus últimos dias aqui tem sido dolorosos, não só mentalmente mas fisicamente também. Sinto cólicas atrás de cólicas e meus insumos pessoais já estão acabando.
_ Preciso sair …
Murmurei enquanto observava a vista. Se fosse em outras circunstâncias até diria que esse lugar é perfeito, luxuoso e do jeito que eu sempre quis, mas tudo que tem a ver com Liam Smith perde a graça ou se torna podre aos meus olhos.
Coloquei uma calça jeans e uma camiseta de botões. Achei na minha mala a única coisa de valor que eu pude trazer daquele lugar, a pulseira que Oliver me deu. Dedilhei a peça sentindo a textura e algumas lembranças me atingiram em cheio.
Lembro-me perfeitamente de quando ganhei, da felicidade que senti em finalmente ganhar algo de valor. Naquela época eu pensava que tinha Oliver em minhas mãos, e que finalmente teria uma vida digna, sem que eu precisasse me matar trabalhando para poder comer no fim do dia. Mas no fim das contas acabei encarcerada e rejeitada, descartada como um nada.
Respirei fundo e joguei as lembranças para longe, precisava vender a pulseira e se o valor fosse bom eu daria um jeito de sumir. Passei rapidamente pela sala, a essa hora geralmente o senhor Liam estaria fora do apartamento.
Caminhei até a porta e abri. Respirei aliviada por ele não ter trancado.
Peguei o elevador tremendo de medo, e quando cheguei ao térreo respirei aliviada. Acho que não gosto muito de altura…
Passei pelo porteiro que me olhou feio e caminhei pela rua um pouco perdida. Pedi algumas informações e consegui chegar até uma joalheria que com certeza não imaginavam que uma mulher como eu pudesse ter uma peça daquelas em mãos.
Quando finalmente consegui vender a pulseira e sair do estabelecimento derramei algumas lágrimas. Não queria vendê-la. Nunca mais vou ganhar nada de ouro como ela.
O valor que peguei foi pouco, mas que daria para comprar o básico que preciso durante algum tempo.
Aproveitei e sentei em uma praça enorme, tomei um sorvete e olhei para todos os lados.
_ Estou perdida…
Murmurei sentindo meu peito apertar. Não consigo me lembrar de onde eu vim, nem onde é o prédio que Liam mora.
Droga… Não adiantaria nada pedir informações agora já que não sei nem para onde eu devo ir. Liam tirou meu celular e não consigo me comunicar com ninguém.
Fiquei sentada no banco durante um tempo, e conforme o dia ia acabando meu coração ficava mais aflito. Será que Liam esqueceu de mim? Bom, ele não saberia nem como me encontrar já que não estou com celular e não falei para onde eu iria.
Não estou acostumada com tanto barulho, com tanta gente e muito menos com todo esse movimento de Nova Iorque. Sempre vivi no campo, perto da natureza e da calmaria, todo esse barulho me deixa tonta, em pânico.
Apertei mais meus punhos tentando me concentrar, não é possível que eu tenha me perdido. Não pode ser…
Olhei para o céu e vi as estrelas, minha visão embaçou com as lágrimas de desespero. Vou passar a noite aqui, nessa praça?