Lizandra
Há algo no ar esta noite. Uma tensão sutil, quase palpável, como se o universo estivesse prendendo a respiração, aguardando o momento certo para liberar uma tempestade. Estou à beira do desconhecido, a poucas horas de um dos dias mais importantes da minha vida, amanhã, minhas filhas nascerão.
As duas pequenas partes de mim e David, frutos de um amor avassalador que me mudou para sempre. Mas, apesar da felicidade, sinto um frio na espinha, uma mistura de ansiedade e excitação, como se algo além do nascimento delas estivesse prestes a acontecer.
Trinta e sete semanas. Eu conto cada uma delas nos dedos, como se o simples ato de numerá-las me fizesse sentir mais próxima do grande momento. Minha barriga está enorme, meus pés estão inchados e meus sei0s... Bem, David não cansa de me lembrar o quanto adora vê-los assim, preparando-se para amamentar.
— Estão perfeitos, amor — ele sussurra ao me ver trocando de roupa, sua voz rouca de desejo.
— Feitos para alimentar as nossas filhas