David
O cheiro de terra molhada e o som distante dos animais fazem um contraste interessante com o ronco dos motores enquanto nos aproximamos da fazenda. Uma surpresa. Um gesto meu para ela. Mas não faço ideia de como será recebido.
Lizandra está ali, alheia à nossa chegada, completamente envolvida em seu mundo, no seu trabalho. Seus olhos brilham enquanto examina os suínos, suas mãos firmes mas gentis acariciam os filhotes que se aconchegam contra o seu peito. A cena, por um momento, me hipnotiza. Ela está radiante, sem maquiagem, sem luxo, vestida com uma macacão branco, calçada numa galocha, seu estestoscópio rosa no pescoço, e nada além de sua paixão pelo que faz.
E, karalho, eu não consigo desviar o olhar.
Ela ergue a cabeça e nos vê. O sorriso que se abre é involuntário, e isso me agrada.
Ela vem até a mim e me beija com ternura, cumprimenta cada um de nós e fala:
— Como os senhores podem ver, esse é o nosso plantel! — ela começa, a voz firme, os olhos vivos — a nossa produção