DerickO vazio me consome. Acordo, respiro, existo… mas não vivo. Tudo ao meu redor perdeu a cor desde que Nara sumiu. A casa está silenciosa demais, a base da empresa sem cor, tudo grande, sem graça, o mundo está frio demais. Cada canto ecoa sua ausência. Tento me afundar no trabalho, nas missões, no caos que sempre foi o meu combustível. Mas nada me satisfaz. Porque a única coisa que eu queria não está aqui… e não sei onde está, ainda tem o filho da putta arrogante do David f0dendo a minha paciência..Mais de um mês que cometi o meu maior ato de covardia, e eu, com a minha cara de idi0ta e a consciência pesada, tento aliviar a dor, mas não consigo. Deposito o salário dela como se ela continuasse aqui, pontual como um relógio. Não porque sou um homem bom, longe disso, mas porque é o mínimo que posso fazer. Nara abandonou tudo pela merda que eu fiz. Rasguei o vínculo que ela tinha com a máfia, a afastei da segurança de Raissa e dos Lambertini… arranquei dela até a vontade de ficar. No
DerickNo quarto pequeno e abafado, jogo a mochila em um canto e encaro o teto. As paredes parecem se fechar ao meu redor, como se a própria estrutura soubesse do caos que carrego no peito. O cheiro enjoativo de desinfetante gruda em mim, mas é o menor dos meus problemas.Meu celular está quente na minha mão. Deslizo as fotos dela, como faço todas as noites, cada imagem, uma punhalada em meu coração. Nara sorrindo timidamente, Nara de costas, os cabelos soltos… Nara nos meus braços. A memória do toque dela é uma tortura constante, um veneno lento que me consome a cada batida do meu coração.E então, lembro.A última vez que estivemos juntos. A forma como roubei dela o que não tinha direito de tomar. A cena se repete em minha mente como um filme malldito, cada detalhe marcado a ferro em minha alma.Uma lágrima escorre. E outra. E mais outra. Até que estou ali, um homem que já matou dezenas, chorando como uma criança perdida.— Se eu conseguir te encontrar… — murmuro, a voz rouca de dor
DerickA imagem carrega devagar, mas finalmente aparece.Nara. Sentada, abraçando a si mesma, como se tentasse se proteger do mundo, aparentando enorme fragilidade e isso me quebra masi um pouco. Logo depois, entrando em um dos consultórios.Mas não há vídeo dela saindo. Nada mais.— Porrah! — grito, arremessando um copo contra a parede.Então, o meu celular vibra.Uma notificação. Compra aprovada: Cartão de crédito Nara Silt — Bariloche, Argentina.Minha fúria sobe como um incêndio incontrolável. Está fugindo de mim. Me levando em um jogo mortal de gato e rato.— Você quer brincar, Nara? — murmuro, a voz carregada de veneno.Uma mensagem anônima surge na tela. Sem rastros. Sem origem."Reaper, está quente ou frio? Vamos brincar mais um pouco? ❤️"Assinado: Hello Kitty.Meus punhos cerram.Alguém está jogando comigo. Alguém está protegendo e escondendo Nara.Mas quem?Por que estão brincando comigo?E até onde isso vai chegar?O silêncio do quarto é esmagador, mas dentro de mim há um
LizandraSe existe uma coisa que eu não esperava ao pisar na fazenda hoje era ser recebida como se fosse um criminoso em fuga. Mas vamos por partes.Eu deveria ter avisado que viria. Mas entre a correria do dia, as meninas empolgadas e minha cabeça cheia de ideias para a obra, simplesmente esqueci. Agora, parada no centro da fazenda, com Alice e Alicia ao meu lado, não consigo conter o sorrisinho satisfeito ao ver o quanto tudo está encaminhado. O cheiro característico da fazenda mistura-se ao ar fresco e à poeira da construção, e eu respiro fundo, absorvendo tudo.— Uau! — Alice exclama, de olhos arregalados. — Isso está incrível!Alicia assente, dando uma voltinha para absorver todos os detalhes.— Quando você disse que estava reformando a fazenda, eu não imaginei que estivesse construindo um pequeno império.Eu sorrio, satisfeita. O projeto está ganhando forma exatamente como eu queria. A engenheira realmente seguiu tudo que combinamos. A esterqueira foi posicionada no centro, rece
DavidA noite está tão silenciosa que até o som da minha própria respiração parece ecoar pela mansão. Mas dentro de mim, um turbilhão ruge. O medo, algo que eu sempre considerei um conceito alheio, agora é um visitante constante em minha mente. E ele tem nome: Lizandra, principalmente depois que me senti tão vulnerável hoje, imaginando que ela poderia ter caído em mãos erradas.Sentados à mesa de jantar, a família está reunida. Lizandra ao meu lado, sua mão delicada repousa sobre a minha, como se fosse um lembrete silencioso de que estamos juntos em tudo. Ela está radiante, a gravidez parece ter intensificado ainda mais sua beleza, sua pele brilha, e seu sorriso ilumina o ambiente. As gêmeas, Alice e Alicia, estão energia pura. Correm pela sala após a sobremesa, rindo e gritando, empolgadas com a chegada das sobrinhas.— Elas nem nasceram e já têm duas tias completamente malucas por elas — Lizandra comenta, acariciando a barriga arredondada.Sorrio, mas meu coração pesa. Faço questão
DarlanA lâmina da faca gira entre os meus dedos, o metal frio refletindo a luz fraca do meu escritório. O clique suave do canivete se abrindo e fechando ecoa pelo ambiente silencioso, um som que acalma a tempestade dentro de mim. Há algo quase poético nesse gesto repetitivo, abrir, fechar, girar. Assim como minha vida. Simples na superfície, mas repleta de segredos e intenções ocultas.Sou Darlan Lambertini, o segundo filho do Don. E agradeço a Deus por isso.Se eu tivesse nascido primeiro, seria eu o Don. O homem à frente de tudo, a face pública do império Lambertini. Teria que lidar com as negociações, com a política suja e os sorrisos falsos. Teria que me dobrar perante aliados e inimigos, fingir diplomacia enquanto meus instintos berram por sangue. Mas o destino me deu um presente: nasci depois.David carrega a coroa. Eu carrego a lâmina.E é assim que eu gosto.Operar nas sombras, ser o homem que ninguém vê chegando. O fantasma que puxa o gatilho, a sombra que corta a garganta a
DerickO vôo de volta para Buenos Aires é um inferno.Cada minuto parece uma tortura, cada segundo um lembrete cruel de que Nara está longe e alguém está manipulando cada passo dela, cada passo meu. O nome "Hello Kitty" pulsa na minha cabeça como uma sirene irritante. Quem diabos assina uma provocação assim? Um hacker qualquer? Ou alguém que sabe exatamente como me deixar à beira do abismo?O meu punho cerrado bate contra o braço da poltrona. O comissário me olha de relance, mas não diz nada. Melhor assim. Se abrir a boca, vai sair sobrando.Assim que pouso em Buenos Aires, não perco tempo. O cheiro familiar da cidade me envolve, mas nada me acalma. Entro direto no carro que me espera no aeroporto, o motorista nem ousa perguntar nada, o meu rosto já responde por mim.— Leva para a base. — Minha voz é fria, cortante.O caminho é um borrão. A mente gira em torno da mensagem."Cuidado, papai. Nem tudo que reluz é ouro. Beijinhos, Hello Kitty."— Maldito… — sussurro, os dentes cerrados.
DavidO trabalho nunca para. Nem por um segundo. Enquanto o mundo lá fora segue girando, aqui dentro da presidência do Grupo Lambertini, eu e Darlan estamos submersos em relatórios, números e balanços que definem o império construido pela nossa família. Nada passa despercebido. Nenhuma falha, nenhum erro. Mas, para minha surpresa, ao analisar os dados do departamento de operações, algo chama nossa atenção. Pela primeira vez em muito tempo, aquela área parou de ser um problema. Nenhuma falha, nenhuma inconsistência, nada de perdas desnecessárias. Pelo contrário: os lucros estão muito acima das nossas projeções.— Isso está certo? — Darlan franze a testa, relendo os números.Eu também confiro mais uma vez, mas os dados são irrefutáveis.— Desde que Silvia assumiu, essa merda parou de dar dor de cabeça — murmuro, cruzando os braços. — Pelo visto, ela sabe o que está fazendo.Darlan solta um riso curto.— Não só sabe. Ela revolucionou essa porrah.Começamos a destrinchar cada detalhe, cad