Sob Condicional
Sob Condicional
Por: Tais Galvão
01- Diana Prince

Os últimos dias estamos tentando conseguir dinheiro para conseguir pagar a dívida de jogo do meu pai, sei que não deveria tentar ajudá-lo a resolver essa situação, mas meu pai é a única pessoa que realmente me ama e que se importa comigo, o único problema é que ele tem o maldito vício em jogos e resolveu dever para o maior cretino da cidade.

Quando tinha poucos anos, minha mãe nos abandonou sem se importar se a criança de seis anos entenderia que estava ficando sozinha apenas com o pai. Sofremos muito durante os primeiros anos.

Meu pai acabou se afundando na bebida e dia após dia o via chegando pior em casa. Mesmo com pouca idade não deixava de tentar ajudar o máximo que podia o meu pai com os deveres domésticos ou seriamos separados.

Esse ano concluo o colegial, se não fosse pela falta de grana, iria para Harvard, minha carta de admissão chegou no início da semana, tente de todas as formas esconder para que meu pai não ficasse frustrado mais do que eu já estava.

Estava arrumando o meu lanche para ir para o trabalho, acabei conseguindo um pequeno emprego de meio período em uma clínica estética e com isso estou conseguindo manter as despesas de casa, já que tudo o que meu pai ganha, ele usa para pagar as dívidas que tem.

— Diana me ajude aqui, por favor. — Ouço meu pai me chamar.

 Largo o que estava fazendo na cozinha e subo até o quarto do meu pai, ele estava de frente para o espelho e tentava dar um nó na única gravata que ele tinha.

— Será que o gerente liberará o empréstimo pai? — Pergunto sem muita esperança.

Devido à situação, meu pai não tem mais linha de crédito nos bancos da cidade, hoje ele tentará novamente para poder ter uma pequena reserva para me enviar para faculdade.

— Sinto muito por ter que envolver você na minha confusão filha, prometo que dessa vez procurarei ajuda. — Suspiro e dou um leve sorriso para o meu pai.

Ouço essa história desde que sou pequena, o sofrimento dele fez com que o jogo se tornasse sua mulher e amante, deixando as necessidades de casa para segundo plano.

Agora sobre a minha mãe, infelizmente faz algum tempo que não temos notícia alguma sobre ela, apenas soubemos que ela havia se casado com um policial e pelo que falavam, ele estava na folha de pagamento de Glen Powell.

Estava namorando a um pouco mais de dois meses com um dos atacantes da equipe de futebol americano da escola. Por mais que meu amigos achem que ele está comigo apenas por minha aparência, sinto que realmente estamos indo bem.

Meus cabelos em tom de chocolate e os olhos verdes dão um ar de mistério, pelo menos é o que sempre me falam, além de minha altura chamar um pouco mais de atenção. Por isso quero ser advogada, minha presença impõe uma certa autoridade.

— Estou pronto filha, pode ir trabalhar que quando você chegar terei uma ótima novidade para você. — Passo a mão por cima do terno do meu pai.

— Não importa o que acontecer, papai, sempre irei lhe amar, acima de qualquer coisa, pai. — Digo com ternura.

— Eu também te amo, minha pequena maravilha. — Ele diz usando o apelido que me deu desde pequena.

Sorrio com gentileza para ele, arrumo o nó da gravata e toco em seu rosto lhe dando apoio.

Olhar para o meu pai bem-vestido faz com que eu tenha boas lembranças dele de quando ele não vivia sendo ameaçado, quando ainda era criança ou quando ele chegava diariamente após um dia de trabalho, com um saquinho de papel trazendo docinhos.

Era o melhor do meu dia e sempre terei essas lembranças na minha cabeça, diferente do que eu estava vendo agora, meu pai com uma fisionomia mais cansado e com um olhar desesperado. Dever meia cidade e ainda por cima desejar dar o melhor a sua única filha não era o que ele havia sonhado para a sua vida.

Deixo meu pai em seu próprio quarto e vou em direção ao meu, preciso terminar de me arrumar para meu expediente de trabalho, provavelmente hoje o dia está com a agenda completa no consultório do D. Ryan.

Ao chegar no consultório, começo a organizar meu dia de trabalho, o primeiro cliente do Dr. Ryan chega e libero o primeiro paciente para que ele possa iniciar suas consultas. Mesmo estando com meu dia bastante atarefado, não consigo tirar o problema do meu pai de minha cabeça e quando meu dia está chegando ao fim sinto um aperto no peito que chega a me dar falta de ar.

— Pronto senhorita Prince está liberada, pode deixar que fecho o consultório hoje, minha namorada está vindo e sairemos logo em seguida. — Agradeço mentalmente ao meu chefe, vou direto para casa com aquele sentimento de aperto no peito.

No ônibus tento ligar diversas vezes para o meu pai, mas todas vão para a caixa postal, o que não é do feitio do meu pai fazer, ele sempre me atende.

Ao chegar em casa a porta não estava trancada, o que me chamou atenção já que meu pai nunca a deixa aberta.

Nosso bairro já foi mais seguro, atualmente existem algumas gangues de criminosos circulando as vizinhanças por onde moramos.

Entro em casa e caminho devagar, sou recepcionada pelo silêncio e pelo frio, começo a sentir o  medo e o receio de que alguém ainda possa estar aqui dentro, que tenham vindo a procura do meu pai.

Passo pela sala e ela estava intocada, da mesma forma que deixei quando sai, sigo para a cozinha e quando passo pelas portas que dão acesso a pior cena estava lá.

Meu pai sem vida, havia sangue por todo ambiente, manchando nossas paredes e a mesa de jantar, meu pai estava sem as duas mãos, seu corpo sobre a mesa com um tiro na cabeça.

Fique em choque ao que estava vendo, deixei que a bolsa que segurava como um salva-vidas caísse no chão, causando um barulho oco.

Não conseguia gritar, só fiz andar para trás encontrando a parede atrás de mim, deixei meu corpo escorregar até chegar no chão. Meu choro saiu com o desespero de ver meu pai ali sem vida, como os olhos abertos e sem aquele brilho tão parecidos com os meus.

Acabei de perder o único homem que eu tinha certeza que me ama, que estava disposto a fazer qualquer coisa para que eu pudesse concluir o sonho de entrar na faculdade e me tornar uma advogada de sucesso.

Que não olhasse mais para o passado e sofresse com o abandono da mulher que deveria estar ao meu lado. Meu choro saia alto e com tanta dor, não fazia ideia do que fazer agora, engatinhei até onde havia deixado cair a minha bolsa e vasculhei para encontrar o meu aparelho celular.

Com os dedos trêmulos consegui ligar para o 911, precisava de ajuda e talvez eles pudessem me ajudar.

911: Boa tarde, qual a ocorrência?

Diana: Meu pai… 

911: Pode repetir, senhorita, o que aconteceu com o seu pai.

Não consigo falar com a atendente do outro lado da linha, confirmar que meu pai estava sem vida e, havia sido torturado até a morte, não é nada fácil de falar em voz alta.

Fecho os olho para a cena que estava a minha frente e deixo a mente vagar para a lembrança de mais cedo que refazia o nó da gravata no pescoço do meu pai.

Quando disse que o amava e que estaria sempre ao seu lado.

911: Senhorita, continua aí?

Diana: Preciso de ajuda, meu pai foi assassinado em nossa casa.

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