Teófilo só ouviu aquelas palavras dez segundos depois de serem proferidas.
Há muito tempo, ele havia prometido a Patrícia que a acompanharia para ver o nascer do sol sobre as montanhas.
Naquela época, ele estava muito ocupado e, mesmo querendo estar com ela, não conseguia encontrar tempo.
Esse adiamento se tornou eterno.
"Paty, será que o céu quer me punir por não ter cumprido minha promessa, me impedindo de te ver antes de morrer?"
Ele girava a cabeça lentamente como um idoso, e então percebeu que a cegueira não era apenas a escuridão diante dos olhos, mas a incapacidade de ver qualquer cor.
No meio daquela nulidade, ele parecia ver um dourado.
Deve ser o nascer do sol.
A cor, que deveria ser ofuscante, parecia filtrada aos seus olhos, como a luz de uma chama prestes a ser apagada pelo vento, tão fraca e tênue.
Ele não ouvia mais o vento e seus sentidos estavam se esvaindo pouco a pouco.
Ele abriu a boca, como se estivesse tentando dizer algo, mas também como se não dissesse