LVIII. A Loba Negra do Abismo
O silêncio das cavernas, que para Serena era um santuário, para Lilith era uma prisão de ecos. As paredes de pedra escura não a protegiam do frio penetrante de suas memórias, e o uivo do vento na entrada parecia carregar os sussurros do passado, as vozes de fantasmas que ela havia enterrado, mas que se recusavam a ficar em suas covas. A história de sua vida não se assemelhava a um conto de fadas, mas a uma balada cruel, onde o amor era uma arma e a lealdade, uma ilusão. Ela carregava a cicatriz da traição não apenas em sua pele, marcada com símbolos tribais de uma vida que ela já não reconhecia, mas em seu espírito, um abismo de dor e ressentimento que a tornava a alfa implacável que era agora.
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Lilith, filha de Alaric, um dos alfas mais ambiciosos do reino dos lobisomens, cresceu sob o peso de expectativas irreais. Seu nascimento já era um mau agouro; uma alfa fêmea, uma anomalia em uma linhagem que sempre produziu líderes machos. Para Alaric, o poder era a única moeda de valor.