O rosto de Gustavo ficou lívido.
No entanto, seus amigos não perceberam a mudança em sua expressão e continuaram falando asneiras.
— Pelo certo, não era pra ser assim, né? O Gustavo também tem um tamanho impressionante. Por mais carente que a Lúcia esteja, não precisava procurar um estrangeiro!
— Aí que você não entende! Dá pra ver que a Lúcia não tá satisfeita com o homem de casa, por isso foi arrumar um amante de fora!
Em meio a risadas agudas, Gustavo caminhou direto até Lúcia.
— Lúcia.
A voz do homem não deixou transparecer nenhuma emoção.
— Quem é ele?
Lúcia, porém, manteve-se serena.
— Não tem nada a ver com você.
A raiva do homem foi acesa num instante.
Ele agarrou o queixo dela com força, aproximando-se de forma opressora.
— Lúcia.
Ele riu friamente.
— Sem homem, você não consegue viver, é isso?
Palavras quase humilhantes, mas Lúcia já estava há muito tempo insensível a isso.
Quem ficou nervoso mesmo foi o colega ao lado dela, que tentou se explicar rapidamente.
— Não, eu e a Lúcia na verdade...
Mas, para surpresa de todos, Lúcia o interrompeu.
— É isso mesmo.
Ela levantou o rosto e sorriu.
— Fazer o quê, se você, como marido, não me satisfaz? Se eu não procurar outro homem, você quer que eu morra sufocada?
O corredor inteiro mergulhou em silêncio mortal no mesmo instante.
Os amigos de Gustavo também olharam para Lúcia, incrédulos.
Afinal, todos sabiam que, embora Gustavo nunca tocasse em Lúcia, ela sempre fora completamente devotada a ele.
Por isso, as piadas de antes não passavam de provocações; ninguém realmente acreditava que Lúcia trairia Gustavo.
A última centelha de calor desapareceu do rosto de Gustavo.
— Lúcia, o que você disse?
Lúcia, por sua vez, sorriu ainda mais despreocupada.
— Eu falei alguma mentira? Já que você não me satisfaz, se eu procurar outro homem, qual é o problema... Ah!
Antes que Lúcia terminasse a frase, Gustavo a pegou de repente e a jogou no ombro, saindo sem dizer mais nada.
Gustavo jogou Lúcia dentro do carro.
O motorista percebeu que algo estava errado e desceu apressado.
A porta do carro se fechou e, no espaço fechado, restaram apenas Lúcia e Gustavo.
O peso do homem caiu sobre ela com força, deixando-a completamente presa.
Só então Lúcia ficou verdadeiramente assustada.
— Gustavo, o que você vai fazer?!
Gustavo apenas arrancou a gravata com um sorriso frio.
— Você não disse que eu não te satisfaço? Pois bem, desta vez vou fazer como você quer!
Ao dizer isso, o beijo dele caiu de forma dominadora.
Não era a primeira vez que Lúcia e Gustavo se beijavam; antes do casamento, eles já haviam se beijado.
Mas depois do casamento, nem uma vez sequer.
Agora, ao sentir de novo os lábios de Lúcia, Gustavo ficou aturdido por um instante.
Ele quase já havia esquecido: Lúcia sempre teve esse sabor.
Um toque suave e adocicado que, inexplicavelmente, o fazia perder a razão.
Ele virou a mulher com força, forçando-a a arquear o corpo em um ângulo que enlouquecia qualquer homem.
— Ah...
Ao sentir aquele calor se aproximando, Lúcia tentou gritar em protesto.
Mas, de repente, algo aconteceu.
O celular de Gustavo tocou de repente.
Ao ver o identificador de chamadas, Gustavo parou imediatamente e atendeu.
— O quê?
Seu rosto mudou na mesma hora.
— Fabiana está na sala de emergência?