POV LIANNA
Deixar as crianças na escola nunca foi tão difícil.
Não porque elas choraram, elas estavam animadas, falando da aula de artes, da história que a professora prometeu contar, do lanche novo. Difícil foi não contar nada.
Difícil foi sorrir sabendo que, naquele mesmo prédio onde eu salvei tantas vidas, alguém tinha decidido me colocar no banco dos réus.
— Mamãe, você volta cedo hoje? — Selina perguntou, prendendo meu casaco antes de correr para o portão.
Eu me abaixei à altura dela.
— Vou tentar, meu amor.
Era meia verdade. E as meias verdades estavam se acumulando na minha garganta.
Selin me abraçou rápido, do jeito desajeitado dele.
— O tio Adrian vai buscar a gente?
— Vai sim.
Isso pareceu acalmá-los. E me quebrou um pouco mais.
Entrei no carro e fiquei alguns segundos parada, as mãos no volante, respirando fundo. Adrian tinha se oferecido para ir comigo. Eu disse não. Precisava atravessar aquilo sozinha. Se eu caísse… precisava saber que ainda sabia levantar.
O hospital sur