POV Lianna
O hospital tinha um cheiro diferente na madrugada. Um cheiro mais cru. Mais honesto.
Sem perfume de gente passando, sem pressa nos corredores, sem sussurros de pacientes acordados. Era só o som das máquinas. Dos respiradores. Do meu próprio coração.
Meus passos ecoavam enquanto eu revisava o prontuário na prancheta. Turno da madrugada: as horas que sempre foram minhas. Quando todos dormiam e eu finalmente lembrava quem eu era: não “a ex-esposa de Zayden”, não “a irmã traída”, não “a doutora viúva”, não “a manchete”.
Apenas… cirurgiã.
Era a única identidade que ninguém podia tirar de mim.
Passei pela UTI, conferi a paciente do leito 02. Pressão estável. Boa resposta ao antibiótico. Fiz anotação.
Caminhei.
Cada quarto, cada passo, era uma camada de angústia sendo arrancada.
Até que cheguei ao quarto 407. Camille..
Ela estava sedada desde a convulsão. O médico plantonista anterior me disse que ela acordaria em algum momento da madrugada.
Eu respirei fundo, ajustei o jaleco, en