Esperança entre Nós

Beatriz

Cheguei em casa como um flash. Corri para o banheiro, tomei um banho rápido,estava muito atrasada.

— Putz! Nem sei que roupa usar… e agora?

Fui direto ao closet e comecei a vasculhar cabide por cabide.

— Esse vestido preto? Não… muito quente. Tecido pesado pra essa noite.

O vermelho? Lindo, fresco… mas simples demais.

Ah… esse sim.

Puxei o vestido amarelo de renda. Perfeito. Elegante, sensual na medida certa. Combinei com a sandália preta de salto, decorada com pequenos strass, e a bolsa de camurça preta.

Na maquiagem, escolhi algo elegante: olhos bem marcados, sombra leve e, claro, meu batom vermelho — o que sempre deixa minha boca mais ousada do que deveria. Nos acessórios, apenas um par de brincos delicados e a pulseira… a pulseira... Aquela que Marcelo me deu quando fizemos cinco anos de casados. O símbolo do infinito brilhando em diamantes, e o pingente com “B&M”. Para alguns, pode parecer brega. Para mim… sempre foi amor. Usei-a como se fosse a última vez.

Sequei bem o cabelo, deixei-o solto. Com as costas nuas do vestido, ele caía exatamente onde devia, realçando minha pele hidratada com meu óleo corporal favorito, deixando-a macia, perfumada, convidativa.

— Prontinho — murmurei olhando no espelho.

— Estou pronta.

Voltei para a sala ainda com o coração acelerado. Marcelo já devia estar chegando. Respirei fundo algumas vezes, tentando controlar o frio na barriga. Dei alguns passos e, quando alcancei a sala, ele entrou pela porta.

Paralisamos.

Por alguns segundos, ficamos apenas nos olhando, como se o tempo tivesse parado entre a porta e o batente. Ele sorriu… aquele sorriso tímido, de canto, que me desmonta desde o primeiro dia.

Marcelo estava impecável. Terno preto acetinado, camisa branca, gravata dourada. A barba levemente por fazer, o cabelo penteado mas ainda um pouco comprido… daquele jeito que sempre achei irresistível. Aos 36 anos, continuava com aquele charme sedutor, silencioso, que me deixa sem ar.

— Você está linda — disse ele, a voz rouca, quente, quase um carinho na minha pele.

Limpei a garganta, tentando disfarçar o impacto.

— Obrigada. Você também… não está nada mal. Só a gravata que está um pouco torta. Deixa eu arrumar.

―Eu sempre me embabaco com esses nó de gravata, você que sempre arrumava pra mim lembra? Ele tocou em minhas mãos. Senti meu rosto arder imediatamente. Desviei o olhar antes que ele percebesse o quanto me abalava.

— Prontinho — falei baixinho. — Vamos?

...

Marcelo

Assim que abro a porta, meu mundo para.

Ela vem caminhando em minha direção com aquele vestido amarelo de renda,o mesmo que sempre me tirou o fôlego. Combina perfeitamente com a pele dela, com o corpo que conheço como a palma da minha mão. O decote em V revela só o suficiente dos pequenos seios, deixando o resto ao mistério e isso sempre me levou à loucura. As costas nuas… e o cabelo dela caindo até a curva do bumbum. É poesia pura.

Confesso: morro de ciúmes desse vestido. Não por insegurança, mas porque ele mostra exatamente o quanto ela é sensual sem precisar fazer esforço. E ela nem percebe o poder que tem.

O cabelo ondulado desliza como ondas. A boca vermelha… carnuda… convidativa. Eu daria tudo para beijá-la ali mesmo, borrar todo aquele batom e sentir o gosto dela de novo.

Quando ela se aproxima para ajeitar minha gravata, sinto um choque de esperança atravessar meu peito. E então vejo: ela está usando a pulseira que dei no nosso aniversário de casamento. Aquele símbolo do infinito. Aquilo quase me desarma.

Seguro sua mão, não resisti e saímos juntos, de braços dados. A sensação é tão familiar, tão certa…

Será que ainda temos jeito?

Meu coração grita que sim.

Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App