Segredos Que Não Deveriam Ser Descobertos - Parte II

— Muito interessante essa ceninha de vocês dois, Chloe. Você está namorando e não passou pela sua cabeça me contar?

— Ele não é meu namorado, Corey. O que acontece entre nós é sexo casual, e só. — Puxei a camisola para cima, tentando não deixar que meus seios fossem vistos.

— Sexo casual. Sério? Você gosta que ele faça sexo casual com você nessa mesinha? — Se aproximou ainda mais e praticamente me encurralou ali, espalmando as mãos sobre a madeira fria, lado a lado de meu corpo quase descoberto. — Me diz, quantas vezes ele já te comeu aqui? — Soou tão rude que eu quase não o reconheci.

Corey não era assim.

— Talvez quatro ou cinco vezes nessa mesa. Duas no sofá e três na bancada da cozinha — respondi no mesmo tom estúpido que ele. — Me comeu gostoso em cada canto do apartamento, só nunca foi para a minha cama porque ele não passa de sexo casual, de um cara que não vai durar muito tempo na minha vida, porque eu sou previsível, certo? Eu afasto os homens de mim.

Corey estava tão perto, de um jeito tão diferente do habitual que eu quase não raciocinei direito. Ele estava praticamente soltando fumaça pelo nariz, tão bravo que eu podia ver as veias de sua testa saltarem.

Que merda estava acontecendo?

— Eu te protegi uma vida inteira, Chloe. Tentei te cuidar para que nenhum otário conseguisse tocar em você de novo. Eu tentei, de todos os jeitos, não deixar que alguém viesse a te machucar novamente. Então por quê? Por que escolher alguém como ele para entregar a chave do seu apartamento e criar laços? — Gesticulou com as mãos enquanto falava, mas voltou a colocá-las sobre a mesa, me mantendo presa ali.

— Pare de jogar na minha cara as coisas que fez por mim, Corey! Pare de se fazer de santo o tempo todo e me colocar no lugar de vilã. Eu sei o que fez e sei que não deixou que as coisas desandassem, mas o que aconteceu no passado não pode definir o meu futuro. Eu não posso me privar de sentir prazer só porque um dia alguém tentou me machucar. E você sabe que é muito difícil alguém me desejar, ou seja, quando isso acontece eu não posso perder a oportunidade.

— Ah, Chloe, se você soubesse quantos homens te desejam e criam perversidades com você na cabeça deles — falou como se tivesse plena certeza de suas palavras. — Eles só não chegam até você porque têm medo. Uma mulher forte e altiva como você, assusta os que gostam de ser o que comanda a relação. Eles te querem mas sabem que você é boa demais pra eles, do tipo que não vai abaixar a cabeça para o machismo deles, que não vai largar seu cargo importante só para fazê-los se sentir bem recebendo mais que uma mulher. Você é inteligente, deveria entender isso. Agora, o Andrew é um aproveitador, ele gosta de usar as pessoas como escada e, principalmente, gosta de usar as mulheres para subir na vida. Ele já fez isso uma vez, o que impede de fazer de novo?

— Eu sou inteligente — respondi usando sua afirmação.

— É mesmo, e sei que vai acabar com essa merda antes que ele dê um jeito de pisar em você para crescer. Você é a mulher que ninguém consegue alcançar naquela empresa, se por um acaso ele resolver inventar coisas para os colegas dele, o filho da puta vai conseguir denegrir a sua imagem. — Seus olhos transmitiam preocupação e a voz já não era tão grave.

— Tenho certeza que ele também vai conseguir perder o emprego e não vai achar mais nenhum na vida.

Era algo óbvio. Se dissesse qualquer merda sobre mim, Corey o mandaria embora e faria com que o homem jamais voltasse a atuar em sua área de formação.

— Me preocupo mais com o que dizem sobre você. — Relaxou os ombros tensos e olhou para minhas pernas, arqueando as sobrancelhas em seguida.

— Se isso fosse verdade, daria um jeito naquelas vadias que dizem que transo com você para ter o cargo que tenho na empresa e na sua vida. — Levei as mãos até a barra da camisola e com certo esforço a abaixei para tapar qualquer coisa que Corey não devia ver.

— Te dou toda a autoridade para demitir cada uma delas — disse, voltando o olhar para meu rosto.

— Não ia ajudar de qualquer forma.

Não era segredo nenhum que se eu quisesse mandar todas aquelas insuportáveis embora, eu faria sem precisar pedir permissão, mas não mudaria nada já que as novatas fariam a mesma coisa, iam falar merda em cima de merda, como já faziam, apenas por eu me negar a usar o sobrenome dos meus pais adotivos.

Com a proximidade grande e os sentimentos bagunçados, tomei coragem para espalmar as mãos no peito desnudo de Corey e o empurrei minimamente para ter espaço e descer da mesa, tratando de seguir para meu quarto e terminar meu relatório, finalizando a conversa sobre minha vida íntima.

— Ei, eu amo você demais, Chloe. Não posso permitir que um desgraçado te machuque — disse assim que dei as costas para ele.

— Ele não vai — garanti seguindo para o cômodo anterior, retornando ao meu notebook e ao trabalho não concluído.

Corey demorou uns três minutos mas também chegou até a cama e se deitou no mesmo lugar de antes, no lado esquerdo.

Tentei esvaziar a mente e não pensar nos últimos acontecimentos, nem no noivado de meu melhor amigo, nem na festa que viria, nem em absolutamente nada que fosse relacionado a Corey.

Mas não deu.

Toda a minha vida era baseada nele, em nós e na nossa amizade. Eu cresci e fiz dele minha vida, meu motivos, meu incentivo. Tudo pra mim. Então as coisas em minha vida eram sobre Corey, sobre nossos segredos obscuros, e sobre a tal dinastia construída que ninguém seria capaz de destruir.

Era difícil explicar para mim mesma, mas eu teria que dar um jeito de esquecer tudo o criamos juntos para conseguir seguir em frente, e deixar ele seguir com sua nova família também.

Seguir caminhos totalmente opostos, se é que isso seria possível.

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