Capítulo 5
James Bellerose Desde o exato momento em que deixei Louise na porta do apartamento ontem à noite, eu não consegui dormir. Era para ser só mais um acordo. Uma jogada estratégica. Só mais uma mulher entre todas que já tive, mesmo que com mais dificuldade isso que dá o gosto no jogo afinal... Mas ela... Ela me desarma. Cada vez que aquela garota me olha com os olhos arregalados, assustada, como o corpo dela reage à minha presença, à minha voz... meu sangue ferve. E, ao mesmo tempo, algo dentro de mim se retorce. Ela é tão absurdamente ingênua e, ainda assim, tão firme, tão... teimosa. Tão linda. Passei a manhã toda de segunda, encarando o contrato. Fiz questão de escrever cada cláusula com minhas próprias mãos. Se fosse outro caso, bastaria um e-mail para o jurídico. Mas com Louise, eu precisava ver tudo. Ter certeza de que cada vírgula me manteria no controle. Ou pelo menos, era isso que eu queria acreditar, que eu ainda estou no controle. Às 14h em ponto, ela bateu na porta da minha sala. Pontual e discreta, como sempre. Vestida com uma saia lápis bege e uma camisa branca abotoada até o pescoço. Um coque baixo, simples. Mas mesmo coberta, mesmo sem pele à mostra... ela conseguia provocar o próprio inferno dentro de mim. — Pode entrar — disse, levantando os olhos lentamente do contrato em minhas mãos. Ela entrou sem dizer uma palavra, e o silêncio dela era mais eloquente que mil frases. Sentou-se à minha frente e cruzou as pernas. A barra da saia subiu milímetros. O suficiente para que eu precisasse controlar a respiração. — Aqui está o contrato — deslizei o envelope sobre a mesa até a borda, perto dela. Dando uma batida leve sobre ele — Leia com calma e atenção. Podemos conversar e debater ele depois. Ela pegou o papel como quem segura uma bomba. E, talvez, fosse mesmo. Enquanto lia, eu a observava. O leve franzir da testa, as arrumadas no óculos enquanto mantinha a concentração, o jeito como mordia o lábio inferior, distraída, sem saber o efeito que me causava... Ela lia cada linha com atenção, pesando cada palavra. Boa garota. Depois de alguns minutos em silêncio, ela levantou os olhos. — Seis meses fingindo um relacionamento. Ok. Aparições públicas, eventos familiares, almoços...Ok — sua voz era suave, mas firme. — Mas eu não posso continuar como sua secretária enquanto isso durar? Inclinei o corpo na cadeira, apoiando os cotovelos sobre a mesa. — Não. A mistura das funções não será saudável. Quero evitar conflitos internos na empresa. Além disso, vamos viajar, frequentar lugares juntos. Você terá um papel muito claro ao meu lado, muita mídia, atrás de você, trabalhar aqui não é uma opção. Ela pareceu hesitar. Então respirou fundo. — Há algumas coisas que preciso deixar claras para você James. Arqueei uma sobrancelha, surpreso com a ousadia dela, realmente não esperava. — Tem toda minha atenção, Louise. — Nada físico — disse, de imediato, sem titubear. — Sei que o contrato fala em "simular um relacionamento", mas quero deixar claro: sem beijos forçados, sem carícias em público que não sejam necessárias, e principalmente... nada íntimo! Ah, doce e ingênua Louise, mal sabe que vou te fazer implorar por isso ainda. — Você quer um contrato de namoro... sem contato? — perguntei, apenas para provocá-la. Ela corou. Estava visivelmente nervosa, mas manteve a postura. — Quero limites. Se for para parecer real, tudo pode ser ensaiado. Mas eu preciso de segurança. Acima de tudo. Mordi o canto do lábio inferior, segurando o riso. Não de deboche. De fascínio pela sua ousadia de me enfrentar assim. — Segurança é exatamente o que estou oferecendo. E até mais, visto que estava prestes a vender sua virgindade para um estranho. Provavelmente por muito menos do que o que eu estou oferecendo. — Abri a gaveta e tirei um pequeno envelope preto. — Aqui está o adiantamento. Ela ficou vermelha quando mencionei sua virgindade, mas arregalou os olhos ao abrir o envelope. Dentro, um cheque nominal. Duzentos e cinquenta mil dólares. — A outra metade, quando os seis meses se encerrarem — completei. — E se cumprir tudo exatamente como combinamos, posso considerar um bônus. — Isso é... muita coisa — ela sussurrou, ainda olhando o cheque como se fosse falso. — Não para alguém como eu. E, para ser sincero, para mim, você vale mais do que imagina, minha doce garota. Ela me lançou um olhar desconfiado. Desviei o olhar para o contrato. — Alguma outra objeção? — perguntei, como se a conversa não estivesse me deixando louco por dentro. — Nada de câmeras em casa. Quero meu espaço. Posso participar de eventos, sorrir ao seu lado, fingir o que for... mas minha casa, minha privacidade, minha dignidade, continuam comigo, não quero imprensa em cima de mim ou da minha tia, pelo menos em casa quero ser eu mesma. Ela era mais forte do que parecia. E isso só me atraía ainda mais. — Está bem. Esobre a imprensa farei o possível... Ela hesitou mais um instante. Depois pegou a caneta, deslizou os dedos ao longo da borda da mesa e assinou. O som da ponta da caneta riscando o papel foi como um estalo dentro de mim. Um limite sendo rompido. Um contrato selando algo que ia muito além de papel. — Sua vez — ela disse, empurrando o documento em minha direção. Assinei rapidamente. Com firmeza. Como se estivesse assinando um acordo de poder. Mas no fundo, senti que na verdade eu estava era perdendo o controle. Estendi a mão para ela, como um gesto formal. Ela hesitou, depois colocou sua mão sobre a minha. O toque foi elétrico. A palma da mão dela era quente, suave. Pequena demais na minha. Eu a segurei com firmeza. Talvez por um segundo mais do que deveria. E ela não recuou. — A partir de agora, você é minha — disse, sem sorrir, sem desviar os olhos dos dela. — Pelo menos, para o mundo. Louise engoliu em seco, mas não desfez o toque. — Para o mundo — repetiu baixinho. Minha vontade era levantar, puxá-la para mim e testar até onde ia a resistência. Mas não. Não agora. Não ainda... — Tem algo mais que queira dizer? — perguntei, soltando sua mão com lentidão. Ela se levantou, alisou a saia com as mãos trêmulas. — Só quero deixar claro que, apesar disso tudo... ainda sou eu. E não vou mudar. Ah, se ela soubesse o quanto essa frase me tocava. — E eu espero que continue sendo. É exatamente assim que quero você. Ela saiu da sala com passos leves, mas firmes. E eu fiquei ali, sozinho. O contrato estava assinado. O acordo estava selado. E, no entanto, algo me dizia que fui eu quem perdeu o controle. Sorri sozinho, sem motivo aparente. O que ela não fazia ideia... é que esse contrato tinha muito mais cláusulas ocultas do que aquelas que estavam no papel...