O portão de ferro rangeu como um lamento antigo ao se abrir diante de nós, revelando a grandiosidade sombria do castelo cravado nas entranhas das Terras Escarlates. As torres altas pareciam perfurar o céu cinzento, como garras erguidas contra um mundo que as rejeitava. Damon passou primeiro, e seu passo firme ecoou pelo pátio de pedras enegrecidas. O vento assobiava entre os corredores vazios, carregando consigo o cheiro metálico do sangue antigo que parecia impregnado nas paredes.

Lysander vinha logo atrás, o rosto marcado pelo cansaço, as olheiras fundas denunciando dias de vigília sem sustento. Por mais contido que fosse, percebia-se em seus gestos a rigidez de alguém que lutava contra uma fome silenciosa, uma queimação constante que o corroía por dentro.

Damon parou no centro do grande salão principal — uma imensidão de pedra fria e vitrais escurecidos pelo tempo. A luz escarlate do fim do dia se filtrava fracamente pelas janelas, lançando sombras distorcidas no chão.

— Lysander —