CAPÍTULO 02

Cega de raiva, olho impaciente para Lucas que me olha com um sorriso sarcástico e me puxa pelo braço para dentro de uma sala, reluto em entrar mas sou arrastada com força.

— O que é isso Lucas, me solta! Eu quero ir para casa. — imploro com lágrimas.

Ele fecha a porta e me empurra num sofá, me olha furioso e aponta o dedo em minha cara falando com muita ira entre os dentes.

— Olha aqui, você vai trabalhar sim… Você não queria tanto fazer alguma coisa fora de casa? Pois bem, tá aí o emprego que você tanto queria. 

— Eu não vou fazer isso, não vou! — Falo alto, quase gritando.

— Você vai, e eu não estou perguntando se quer, eu estou dizendo que vai e pronto… Não tem nada de mais, você será uma terapeuta, tá se apegando demais a crenças limitantes. Agora seca o rosto, coloca um sorriso nos lábios, seja uma boa garota… Entra naquela sala pede desculpas e aceita sua vaga, estarei lhe esperando aqui fora, não demora! — Ele fala segurando meu queixo com força e me olhando nos olhos, sua voz tem um timbre ameaçador, nunca o vi assim antes.

Com o coração na mão, coagida por Lucas e sem saber o que fazer, me levantei devagarinho e fiz o que ele me mandou.  Ainda estou em choque, nunca imaginei que o homem da minha vida me colocaria em uma situação como essa.

Na sala a mulher me faz assinar um contrato de serviço quase escravocrata, o qual falta cobrar o oxigênio que respiro dentro do espaço e depois pede que a recepcionista me apresente o local.

Entro nos quartos e fico surpresa, são lindos com um aroma sedutor e música relaxante, jogo de luzes harmônico, tudo transmite uma paz que até me esqueço o que de fato acontece aqui.

Após ver o último quarto sou levada para a recepção, onde conheço Jaddy, a minha instrutora de massagem, a mulher é linda e tão tranquila, me perco nos pensamentos observando ela.

— Não precisa ficar assustada, logo você pega o jeito.— Ela diz com um sorriso acolhedor.

— Não tem como não ficar, meu marido quer que eu vire uma prostituta! — Quando percebi já tinha falado, só coloquei a mão na boca e olhei para ver se ele ouviu.

— Terapêuta, você não vai transar com os pacientes! — Jaddy me corrige em tom brando e cuidando para que Lucas não ouça, já gostei dela.

— Mas minha função é fazê-los gozar! — retruco decepcionada.

— Faz assim, chegar em casa você assiste alguns vídeos no YouTube, tenta manter a mente aberta, você vai fazer massagem tântrica e massagem Nuru, não há mal nisso, é saúde, você não é uma prostituta e sim uma terapêuta —Ana explica tentando me acalmar, mas não funciona muito.

— Mas… — Somos interrompidas por Lucas e eu me calo.

— Ainda demora? Preciso resolver umas coisas! — A voz dele está normal de novo, isso tranquiliza meu coração.

— Já terminamos, pode ir Luna, amanhã te espero às 8h para começarmos os treinamentos. — Ana sinaliza, e eu me levanto.

— Até amanhã! 

Me levanto e saio tentando alcançar Lucas que está um pouco a frente, quando o portão se abre tem um carro entrando na garagem, encaro para ver quem é, o homem abaixa o vidro e fica me encarando, tento desviar o olhar, mas algo me prende.

Saio do transe quando sou puxada por Lucas que exibe uma expressão irritada além do toque violento.

— Quem é ele? — A primeira coisa que Lucas me pergunta depois que saímos de casa.

— Não sei! — respondo e sinto as bochechas corar.

— Não sabe e olhou daquele jeito? Imagina se soubesse… vai lá nele! — Lucas fala me beliscando enquanto entramos no carro para irmos embora.

Em casa tudo é ainda pior,  tento por tudo argumentar que aquele não é o serviço que uma mãe de família deve exercer,  para cada vez que eu tento retrucar é uma retaliação violenta.

Passo a noite em claro, graças a Deus Lucas saiu para rua a fim de resolver os corres dele e me deixou em paz com meus pensamentos.

Como não encontrei uma saída para essa situação, assisti a diversos tutoriais, fiz alguns testes em travesseiros e sinceramente espero que dê tudo certo amanhã.  O sono toma conta do meu corpo e eu durmo mesmo sabendo que em pouco tempo já terei de levantar.

— Amor, acorda! Já está quase na hora de você trabalhar… trouxe café da manhã!— Lucas me chama e eu vejo que já são seis da manhã, lamentável que as horas tenha voado, pois estou um caco.

— Já vou levantar. — resmungo e me viro.

A necessidade de mais algumas horas na cama é evidente, contudo não quero mais desgaste e confusão, o melhor que faço é aceitar até que eu encontre uma saída.

Tomo um banho caprichado, pego itens do figurino conforme as orientações recebidas e tomo café com Lucas, ele está com um sorriso de orelha a orelha, mas sua áurea anda pesada.

O trajeto é todo feito em silêncio, e isso me deixa louca. Queria entender o porquê dele aceitar isso, na minha cabeça não faz sentido algum.

— Bom trabalho, hoje não vou ficar com você, tenho uns corres para resolver. — Lucas fala me dando um beijo na testa e logo após para na porta da casa.

— Não tem como ser bom, mas obrigada! — respondo séria e saio batendo a porta do carro.

Assim que entro no espaço vejo que o carro de ontem está aqui, sinto um frio percorrer a barriga e um sorriso tímido formar em meus lábios.

Sou recebida por Jaddy, que está em uma camisola preta com  transparência,  as vestes dela me assustam mas eu tento manter a naturalidade, repito para mim mesmo que está tudo bem e será como tiver de ser, esse é meu mantra diário a partir de agora.

Entro e me visto de acordo com as escolhas de Jaddy, vamos ao treinamento para ser terapeuta.

— Pronta? — Jaddy pergunta com um sorriso tão sincero.

— Com medo, porém pronta! — respondo torcendo as mãos.

— Certo! Primeiro vamos ver a parte teórica de tudo e por fim vamos massagear um cliente antigo da casa para que ele possa assegurar suas habilidades.

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