Meus olhos se abrem devagar e cada piscada parece um esforço sobre-humano.
Tento me mexer… e Deus, tudo dói. Até respirar fundo dói, parece que o ar é cheio de caquinhos de vidro.
Então, olho em volta e reconheço o porão.
Meu corpo recebe um tranco quando os flashes surgem de repente na cabeça.
Azrion. O beco. Samiel.
Sento na cama de uma vez, reprimindo um gemido pela fincada nas costas. E aí, meus olhos o encontram: no sofá, cabeça baixa, cotovelos nos joelhos.
Meu coração dispara e essa sensação vira rápido agonia. Ele sabe que eu acordei. Por que não fala nada? Por que não reage?
— Samiel? — minha voz sai arranhada e fraca.
Nada.
— Samiel? — repito. — Tudo bem?
— Eu estou aqui… pensando… — começa, cabeça ainda baixa, nenhum traço de emoção. — O que Azrion tinha de tão melhor para levar as nossas victus assim…
“As nossas victus.”
A mágoa sobe pela garganta. Quero perguntar se é só isso que eu sou para ele, mas não posso. Não depois do que eu fiz.
Então me lembro do telefone. Deix