— Você precisa fugir, Alexia.

A mulher que passa suavemente a mão pelo meu cabelo tem cachos mais claros do que os meus, um corpo menor, mais delicado. E eu nunca estive de verdade com ela, mas sei bem quem é.

— Ele não vai me machucar, mãe. — Uma lágrima escorre dela, outra de mim.

— Eles sempre machucam, meu amor. Sempre.

De repente, não é mais a minha mãe quem está diante de mim. São dois enormes olhos azuis que me encaram com piedade:

— Você está apaixonada por ele, srček. E isso vai ser o seu fim.

Puxo o ar pela boca com força, e me sento por reflexo.

Tudo bem, foi só um pesadelo.

Minha mente demora a entender onde eu estou, e uma mão tateia no escuro, até encontrar o abajur ao meu lado.

Droga. Eu vim me humilhar um pouco mais no porão.

Estou a ponto de levantar da cama quando meus olhos correm para o sofá.

Meu corpo congela.

Samiel está ali.

As pernas ligeiramente abertas, cotovelos nos joelhos e o rosto quase baixo. Como se estivesse me esperando acordar.

E meu coração