A escuridão domina todos os cantos do apartamento. Mas mesmo de olhos fechados, tudo que eu vejo é o rosto de Samiel na minha cabeça, tão claro quanto se eu estivesse olhando para ele agora.
E a cada segundo, parece mais impossível fingir que não me importo com a presença dele na cama comigo, com seu calor invadindo o espaço mínimo entre nós dois.
É sufocante.
— Eu sei que você está acordada. — A voz dele corta o breu de repente.
Abro os olhos no susto. Meu corpo inteiro se contrai.
— Como? — Minha voz mal passa de um sussurro.
— Sua respiração e seu coração não estão no ritmo de quem está dormindo.
Pisco com força, o peito subindo e descendo quase em desespero. Fingir não adianta mais nada.
— Não estou conseguindo dormir.
Não com meu corpo pegando fogo assim.
Aperto as pernas, tentando disfarçar o efeito que a proximidade dele tem em mim, e mesmo sem enxergar nada, encaro o teto. Preciso pensar em qualquer coisa que não seja o homem ao meu lado, ou vou acabar me jogando em cima dele