Busquei na memória a música perfeita que me ajudaria a me destacar em meio à multidão que dançava ao meu redor. Precisava ser algo que a maioria dos frequentadores da boate não soubesse acompanhar com facilidade, forçando-os a apenas balançar levemente, dançar colados ou sair da pista em busca de descanso ou de outra bebida. Isso abriria espaço para meus movimentos no chão e me tornaria mais visível para Coner. Havia uma música e uma coreografia específicas que, com certeza, chamariam sua atenção.
No entanto, uma onda de relutância tomou conta de mim, pois aquela era uma coreografia contemporânea que eu havia prometido nunca mais dançar. Ela nascera de uma colaboração com o próprio Coner, numa época marcada por criatividade, esperança, risos e desejo. Tudo isso foi destruído quando descobri sua traição… Justamente na véspera da apresentação.
Mesmo assim, os sentimentos daquele momento, por mais intensos que tivessem sido, pareciam pequenos diante do que realmente importava agora. O que