Capítulo 112
Riley Black
Faz quatro dias que o calor de Curaçao me lembra que o mundo continua rodando mesmo quando por dentro a gente só quer ficar parada.
O mar aqui tem uma cor indecente de bonita — um azul que parece ter sido inventado para insultar o luto.
Ele me deixou escolher, e escolhi esse lugar porque Luca precisava respirar longe do concreto, e eu precisava de um céu que não ameaçasse desabar sobre a nossa cabeça. Mas, nesses quatro dias, ele tem sido um oceano quieto: profundo, poderoso, calado. E eu entendo.
Ele acorda antes do sol, corre na praia, volta com o corpo suado e o olhar longe. Bebe café quase sem açúcar, responde mensagens, coordena equipes, distribui ordens com a precisão de quem pode reconstruir ou derrubar um império numa manhã.
Fala pouco comigo. Não por frieza — eu reconheço gelo quando vejo —, mas por excesso de peso. É como se todas as palavras tivessem virado chumbo dentro dele, e ele só pudesse carregar o indispensável.
Eu caminho ao