Capítulo 157
Rúbia
Os dias foram passando como quem arrasta uma mala pesada corredor afora: lentos, barulhentos por dentro. Eu acordava cedo, montava a bandeja do café da senhora Riley, passava pela ala do jardim com a Mia no carrinho, anotava recados, separava lençóis, conferia mercadoria na copa. E sempre, sem falhar, lá pelas dez ou ao final da tarde… ele aparecia.
Derrick vinha de camisa escura e olhar escurecido. Tropeçava nas palavras como quem tenta domar um cavalo bravo — o cavalo era ele mesmo, só pra constar.
— Eu vim ver se você… — ele começava.
— Estou bem. Já pode voltar — eu cortava, medindo distância com o corpo, uma mão no carrinho, outra no bolso do avental.
— Eu sei que você mentiu — ele dizia baixo, como se a frase fosse uma febre que volta. — Mas eu vou assumir o filho.
— Já ouvi — eu respondia, sem levantar a voz. — E já disse que não preciso de esmola.
A senhora Riley aprendeu a esperar no horário. Era engraçado, ele começava falar, e ela