Capítulo 98
Derrick
Eu e Luca fomos cedo resolver os assuntos importantes da Amercana. O tipo de cedo que a rua ainda não devolveu o eco dos passos. A “mercadoria” estava onde deveria estar — duas caixas longas e uma maleta que valiam mais que silêncio. Luca dava ordens com a calma de quem sabe que todo erro custa sangue. Eu contava homens, carros, janelas, saídas. Velhos hábitos.
Conferimos números, selos, assinaturas. As caixas subiram; a maleta ficou comigo. Deu tudo certo, ou o mais perto disso.
Quando o último cadeado estalou, Luca inclinou um pouco a cabeça para mim.
— E aí, como está com a Rúbia?
Olhei de volta, curto.
— Não sei. Tô indo. Ela me olha estranho as vezes.
Ele me mediu de cima a baixo, a boca contraindo um meio sorriso de deboche.
— Cara, faz meses que você não corta esse cabelo. E essa barba… Certeza que tá assustando a moça.
— Ué, esse sou eu. — Dei de ombros. — Ela é que tem algum receio de mim. Talvez até nojo.
— Passa no barbeiro.