Capítulo 48
Luca Black
Fechei a porta do escritório, sentei, respirei duas vezes. Então, em vez de abrir pastas, abri o que importa: minhas imagens.
Ninguém sabe, além de mim e do meu Consigliere, que há uma microcâmera instalada num ponto cego, acima do batente, voltada para a mesa. Não grava tudo — grava o que eu escolher gravar. E eu costumo escolher mais do que deveria. Hoje, em especial, eu precisava.
Reproduzi o trecho da tarde. Riley entrou sozinha. Sem hesitação. Vi a mão dela abrir a gaveta, vi o brilho prateado do pendrive, vi o gesto contido — o gesto de quem sabe que está fazendo algo que não deveria, mas precisa. Guardou o arquivo, fechou. Depois, horas mais tarde, voltou, checou, trancou a gaveta. O jeito de olhar. O instante em que prendeu a respiração. Tudo ali, na minha tela.
Abri a gaveta, saquei o pendrive, li. “Movimentação suspeita… Distrito 2… teste às 18h.” Mistura de isca e verdade. A pior espécie. E a única que funciona.
Ninguém mais entrou depois