Foi assim que descobri o motivo do machucado na perna do Otávio — um acidente depois de uma corrida de moto com amigos.
Tinha dado sorte. Se não fosse algo tratável, ele já estaria chorando pelos cantos.
— Que tédio, meu Deus! Como você consegue ficar aqui sentada o dia inteiro? — Otávio suspirou dramaticamente, jogando a cabeça pra trás, antes de empurrar a bandeja do almoço na minha direção.
— Eu não consigo. Juro que vou criar mofo nesse lugar. Mas meu irmão mais velho não me deixa sair! Que cara chato! E olha que o médico já disse que eu posso andar!
Levantei os olhos e vi aquele teatro todo, ele gesticulando, quase arrancando os cabelos. Não contive a risada.
— Seu irmão só está cuidando de você.
— Nada! Ele tem mania de mandar nos outros, isso sim! — Otávio resmungou, jogando os braços ao meu redor.
Foi quando reparei, sem querer, nas cicatrizes discretas nos pulsos dele.
Comentei, sem pensar muito:
— Você tem várias marcas antigas. Faz sentido seu irmão ficar preocupado.
Otávio