Naquela manhã, o dia começou bem. Para muitos, sim. Para poucos, também. Não há dias ruins para quem deseja viver em paz, mesmo carregando um fardo pesado. São coisas inevitáveis — talvez sim, talvez não. Não é teoria para aqueles que têm mentes completamente diferentes.Ao chegarmos em casa, depois de um dia de reencontros, uma moça estava parada na frente da entrada principal, nos esperando.— Bom dia, senhor Goz — disse a moça.— Bom dia. Sou a senhora Goz. O que deseja? — perguntei.— Pretendo falar em particular com o senhor Goz.— O que deseja? Afinal, quem é você? — perguntou Romeu, curioso.— Me chamo Dayana Valentina. Sou a funcionária que veio cozinhar para vocês. Fui indicada pela sua mãe, dona Cecília.— Ah… Entendi. Entre, por favor.Ela entrou na sala de estar. Observei-a dos pés à cabeça. Era uma moça muito bonita. Seu olhar era vago. Por ser tão bela, parecia que sofria, ou já havia sofrido, na vida. Ainda assim, me mantive alerta. Mesmo que parecesse boa ou inocent
— Por que ele deve ir até a delegacia? Meu marido não fez nada! Você, que é advogado, prenda esse xerife! Ele sim é o criminoso. Meu marido, não!Minhas amigas me ajudaram a pegar minha bolsa. Naquele momento, eu estava tão nervosa que mal conseguia assimilar o ocorrido. Romeu olhou para mim e sussurrou:— Não quero que me acompanhe, Anny. Será muito difícil pra mim, ver você naquele lugar. Prepare-se para a imprensa... todos ficarão em cima de você. Passe um tempo na casa da minha mãe. Ficarei mais tranquilo.— Não vou te deixar sozinho. Eu vou, e ponto final.— Que mulher teimosa... — disse ele, tentando disfarçar um sorriso triste.Estava tão nervosa que até a fome tinha passado. Percebi que meu marido estava com medo, mesmo tentando esconder isso, para não me deixar ainda mais abalada. Segurei firme uma de suas mãos. Ele precisava do meu apoio. Eu não entendia o motivo daquela covardia.Peguei o celular de Romeu e procurei o contato do advogado da família. Liguei imediatamente para
— Olhe para mim, filha — pediu Cecília.Não estava com ânimo para ver ninguém, mas, pela insistência dela, olhei lentamente, como se pedisse por misericórdia.— Tenha paciência — disse ela, com voz suave. — Em breve, meu filho estará ao seu lado novamente.— Não sinto isso, minha sogra. No entanto, esperarei em nossa casa. Não entendo por que Oscar fez essa maldade com meu marido. Nunca irei perdoá-lo por essa injustiça.— Eu entendo, mas neste momento você precisa pensar em si mesma. Não pense em Oscar, ele não vale a pena. Durma um pouco, estarei aqui com você.Adormeci, exausta, com a esperança de que meu marido voltasse. Era um dos dias mais sombrios da minha vida. O que antes eram apenas palavras, agora soavam como um chamado da alma.Já era madrugada quando minha sogra me sacudiu para me despertar daquele pesadelo. Ao abrir os olhos, Cecília estava de pé com uma bandeja de jantar. Peguei a bandeja e pedi que ela trouxesse um café com leite. Menti — queria fugir do hospital e esta
— O imbecil do seu marido está em liberdade — disse ele, com uma voz rouca, carregada de ódio.— Era o mínimo que podia fazer. Sabia que você era um covarde, capaz de prender alguém inocente. Estou te avisando: fique longe de nós!Desliguei o celular. Me joguei no chão, em agradecimento. Meu corpo tremia de emoção. Eu sabia que jamais falharia. Por fim, veria novamente o meu marido. Comecei a gritar, tomada pela alegria. Todos ficaram confusos naquela sala. Peguei minha bolsa e saí correndo, pedindo que as garotas me acompanhassem.Meu coração pulsava de felicidade. Abri a porta do carro com pressa. Loe me olhava, surpresa com minhas atitudes inesperadas. Cecília assumiu o volante, compartilhando da mesma alegria que eu. Rebeca não parava de resmungar, mas dei de ombros. Só conseguia sorrir. O medo vinha e, às vezes, me fazia entrar em pânico. Mas não importava. Cecília estacionou o carro e, ao avistar meu marido saindo daquele lugar, pensei: O que vai acontecer depois disso? O dia par
— Senhora? Beba conosco, enquanto pensamos um pouco mais. Insisto, por favor!— Posso me juntar a vocês?— Claro — respondeu Romeu.Sentei ao lado do meu marido, cruzando as pernas, mostrando o quanto estavam torneadas. Peguei sua mão, entrelaçando os nossos dedos. Senti a pulsação dele junto à minha. Estar ao lado dele me fazia sentir viva novamente.A reunião durou mais de duas horas. Ao final, me despedi dos senhores. Romeu saía primeiro quando segurei sua mão, puxando-o para mais perto. Sussurrei em seu ouvido:— Estou feliz em te ver... mesmo magoada, seu idiota!Comecei a bater em seu rosto com todas as minhas forças, tomada pela raiva e mágoa.— O que isso significa, Anny?— Isso? Não é nada... comparado a tudo que você me fez passar!— Para de me bater, Anny! — Romeu pediu mais de uma vez, sentindo o peso da minha mão. Quando ergui a mão de novo, ele segurou e gritou:— Pare com isso, senão...— Senão o quê?— Não me provoque, Anny. Fale o que quer e vá embora!— Seu babaca...
— Eu... eu não voltarei para casa, Romeu. Ficarei no meu apartamento.— Anny, o que a sociedade vai pensar? Vivemos em casas separadas.— Que se dane o que a sociedade vai pensar! Precisamos desse tempo, Romeu. Quero fazer as coisas certas dessa vez.Romeu me abraçou, beijando meus lábios. O beijo dele estava ficando quente. Eu já não conseguia controlar meus desejos.— Romeu?— Hum?— Precisamos voltar para casa — falei, mudando de ideia pelo calor do momento. — Não podemos ficar aqui na estrada. Pode ser perigoso.— Está bem, Anny. Levarei você até o seu apartamento, depois irei embora... com saudades.Sorri, achando fofo. Seu rosto estava ruborizado, seus lábios vermelhos pelas mordidas, pelo êxtase. Eu não sabia que o Sr. Goz era tão feroz na hora do amor. Estava nas nuvens, nos braços do homem que mais desejei. Romeu me deixou no apartamento. O que eu realmente queria era que meu marido ficasse comigo. Seus beijos suaves estavam cada vez mais quentes. Nos despedimos. Meu coração c
Romeu se enrolou na toalha e me observava de longe enquanto eu me vestia. Seus olhos brilhavam de admiração. Olhei para ele e sorri, com um sorriso largo, quase correndo de volta para os seus braços. Continuei a me vestir.— Anny?— Hum?— Demorei muito para perceber o quanto a minha mulher é atraente.Aproximei-me, colocando a mão em seu rosto, acariciando sua pele macia e a barba bem-feita. Sussurrei, sentindo o calor da sua respiração:— Não foi tarde. Foi no tempo certo. Eu fui longe demais algumas vezes... Apressei você a me amar. Eu te desejava... ainda te desejo.Sorri, emocionada.— Sonhava com você todas as noites, todas as vezes que eu fechava os olhos.— Me perdoe pelos meus modos. Nunca tive a intenção de te machucar. Jamais... Shhh... Vamos aproveitar. – disse ele.— Romeu, não é hora de ser pervertido.Meu marido sorriu e se afastou para se vestir. Seu olhar estava mais atraente, ainda mais safado. Não parava de sorrir.Já pronta para sair, me olhei no espelho, ajeitei a
— Por Deus, esse senso de pervertimento não acaba, não.— Não mesmo. E pare de ser tímida.— Tímida, eu?— Hã... sim, você é.Romeu estava exausto. Tirava sua roupa de gala, colocando a de dormir. Sorri, achando engraçadas as estampas de unicórnio. Ele se jogou na cama, enrolando-se nos lençóis de seda azul. Olhei para o meu marido, largado ali, à vontade. Meu desejo fluía em minha pele. Deitei ao seu lado, sentindo seu suspiro abafado e quente. Seus olhos cerrados faziam minhas pupilas dilatarem. Eu suspirava, torcendo para que ele percebesse que eu precisava de mais amor.Mesmo sem perceber, meu marido me abraçou fortemente, aconchegando-me em seus braços. Deixei-me levar naquele calor.— Anny?— Hum?— Como você viveu todo esse tempo sem mim? – perguntou Romeu, pela escuridão do quarto.Não demorei a responder.— Sofri tanto, a ponto de enlouquecer. Não sou de beber, mas mesmo assim saía de bar em bar para te esquecer...— Eu sabia que estava fazendo isso. Por isso mandei Hugo te se