— Seu babaca, me solta! Você não sabe o que é sentir prazer!
Saí da sala subindo as escadas nua. Romeu me seguiu e me puxou fortemente pelo braço, me beijando com fúria e desejo. Eu sabia que ele estava lutando por tudo o que desejava. Beijei de volta, sentindo o calor do corpo dele no meu; sua boca na minha me deixava ainda mais excitada. Ele murmurou, depois de me empurrar após o beijo:
— Na próxima vez, menina, não me provoque.
Segurei no pescoço dele e o beijei novamente, de novo e de novo. Ele me levou até o quarto e disse:
— Vista-se, Anny, como uma senhora Goz. Seja breve. Estarei esperando lá embaixo.
Entrei no quarto, abri o guarda-roupa e peguei uma camisa social branca e uma saia preta. Prendi o cabelo em um coque. Antes de sair do quarto, calcei um salto preto e fechei a porta. Estava nervosa. Desci as escadas — meu marido me aguardava. Peguei na mão que ele estendeu para mim, sendo levada para me juntar aos sócios na sala.
— Como estão? Sou Anny Beltron, esposa do senhor Goz. Fiquem à vontade. Desejam café, chá?
— Não, senhora Goz. Estamos bem, obrigado.
Os homens não paravam de me encarar. Fiquei vermelha de vergonha. Romeu passava sua mão na minha perna, o que me fazia tremer ainda mais.
— Anny, meu amor, vá até a biblioteca e pegue uma pasta azul. Falaremos do assunto quando o outro convidado chegar.
Fui até a biblioteca. Verifiquei se todos os documentos estavam em ordem. Me parecia que sim. Percebi que ele estava enciumado. Talvez fosse só impressão, mas a primeira impressão é a que fica. O que ele mais temia estava acontecendo: amar.
Voltei para a sala com a pasta.
— Aqui está.
Romeu pegou a pasta das minhas mãos. Uma voz familiar soou meu nome:
— Olá, senhora Goz. Lembra de mim?
— Como vai, senhor Oscar?
Limpei a garganta, surpresa ao vê-lo. Achei que nunca mais o veria.
Um dos coreanos iniciou a reunião, interrompendo Oscar ao falar do assunto principal sobre as ações:
— Guz 씨, 저는 당신 회사에서 큰 일을 하기 위해 여기 왔습니다. 저는 이윤의 50%를 저에게 주었습니다. 저는 휴대폰 회사의 가장 큰 소유자이기 때문에 우리는 판매로 많은 돈을 벌 것입니다.
(Senhor Goz, estou aqui para fazer um grande negócio com a sua empresa. Me dê 50% dos lucros. Como sou o maior proprietário da empresa de celulares, ganharemos muito dinheiro com as vendas.)— Entendo, senhor Kim. Os 50% estão passados para o nome da minha esposa. Ela ficará responsável por essa parte.
Fiquei surpresa com o que ouvi. O espaço parecia pequeno para mim. Tentei sair da sala, mas Romeu pegou minha mão, pedindo que eu me sentasse ao seu lado.
Roberto, o responsável pelos investimentos, explicava a forma de vendas. Meu esposo o interrompeu:
— Os 50% não estão à venda.
Foi direto em sua decisão. O interesse de Romeu era deixar seu legado em boas mãos. Ele se surpreendeu com as intenções dos investidores. Eles, vendo que não havia brecha, decidiram sair. Romeu os acompanhou até a porta, despedindo-se dos sócios. Oscar se levantou para sair também, mas Romeu pediu que ele ficasse.
Fui até a cozinha preparar um café. Sabia que meu marido estava precisando — e ele preferia sem açúcar. Eu me sentia perdida naquela situação. Romeu e Oscar juntos... eu sabia que não daria certo.
Levei o café e encontrei Oscar furioso. Me aproximei, ouvindo ele dizer:
— Como ousa colocar os 50% no nome daquela pirralha que não sabe de nada? Era uma grande oportunidade para nós, sabia? Você é um idiota, sempre foi. Eu não entendo você...
Ele foi interrompido.
— Como ousa falar assim estando na minha casa? Não admito que fale de mim desse jeito debaixo do meu teto. Fora! Você não é bem-vindo aqui. E mais: se meu marido colocou os 50% no meu nome, ele tem seus motivos. Quero que saia da minha casa agora!
— Mas Anny...
— Você ouviu a minha mulher. Depois conversamos.
Oscar saiu furioso, batendo a porta. Eu estava revoltada com a maneira como fui tratada. Romeu pegou minha mão e perguntou:
— Você está bem?
— Estou. Não se preocupe. Mas quero saber uma coisa e espero que seja honesto comigo.
— O quê?
— Por que essa rivalidade entre você e o Oscar? Por que vivem em pé de guerra?
— Senta aqui, Anny.
Sentei no sofá. Ele foi até o bar, serviu uma bebida. Colocou uísque com gelo no copo, segurando-o com uma das mãos enquanto a outra ficava no bolso da calça. Bebeu um gole e disse:
— Oscar e eu estudávamos na mesma faculdade. Gostávamos da mesma garota.
— Como ela se chamava?
Romeu sorriu, sem receio:
— Katarina. Ela começou a gostar de mim e se afastou de Oscar. Ela dizia para ele e para todos que gostava de mim. Casamo-nos depois de alguns meses. Oscar chegou a ser violento. Katarina o humilhou em público. Depois disso, ele se afastou de todos. Na formatura, os pais de Oscar não puderam comparecer. Minha mãe estava lá, nos apoiando. Estávamos tão felizes, até que...
— O que houve naquele dia? — perguntei, curiosa.
— Ela não foi à formatura porque ela...
Romeu respirou fundo, continuando:
— Ela morreu em um acidente de carro.
— Que pena. Sinto muito. — Ele ficou em silêncio, e eu perguntei: — Você a amava?
— Amava muito!
---— Por isso que o Oscar te odeia tanto, por causa da morte da Katarina. Que babaca.— Não quero falar mais sobre isso. — Ele se levantou do sofá, ficou parado em frente à janela, com as mãos no bolso. Estava chorando. Foi a primeira vez que o vi tão vulnerável. Aproximei-me, fiquei atrás dele e o abracei fortemente, sentindo o calor do seu corpo. Me surpreendi com o toque de suas mãos sobre as minhas. Ficamos um bom tempo assim, agarrados em silêncio. Fui até a frente dele, fazendo-o sorrir. Romeu era lindo e atraente. Seu jeito frágil estava me conquistando, e isso me fazia querer ainda mais cuidar dele. Sussurrei:— Vamos até o seu quarto. Preparei um banho para você relaxar. Deixa eu cuidar de você? Uma coisa boa que aconteceu hoje foi que você me deixou te tocar, depois de meses de casados. Hoje mais cedo me deixou retribuir seu beijo...Ele pegou na minha mão, me guiando até o quarto. Me deixei levar pela emoção. Romeu abriu a porta, entrei um pouco assustada — nunca tinha ficado s
— Anny?— Vai ver se eu estou na esquina. Você não merece que eu te ouça.Saí correndo do quarto dele, sem ao menos deixá-lo explicar. Peguei minha bolsa e resolvi sair por aí, tomar um ar. Eu precisava esquecer, pelo menos por um momento.Romeu ficou sem entender. Vestiu suas roupas rapidamente e saiu correndo atrás de mim. Estava assustado. Pela primeira vez, sentia medo. Naquela noite, a avenida estava movimentada. Romeu procurou por todos os lugares, em todos os bares. Enquanto dirigia, pensava:“Por Deus, onde está essa mulher? Se acontecer alguma coisa com ela, eu nunca me perdoarei!”O celular tocou. Era o motorista, Hugo.— Diga?— Senhor, sua esposa está na empresa HOPPY.— Ok. Não saia daí até eu chegar. Não tire os olhos dela.— Certo, patrão.— Anny, Anny... O que eu farei com você?Romeu deu meia-volta, indo direto para a empresa. A velocidade estava a 100 por hora. Os pneus deslizavam pela pista, sem dó nem piedade. Ao chegar, deu a ordem para Hugo voltar para casa — ele
— Para que o dia amanheça logo... e tudo acabe — disse, com um sorrisinho sem cor.— Falta pouco para voltarmos para casa. Descanse, você vai se sentir melhor. Ah! Ficarei ao seu lado até se recuperar — ele prometeu.— E eu não vejo a hora de estar na minha cama — disse Anny. — Fernando?— Hum?— Quero lhe fazer uma proposta. Sei que é cedo ainda... Poderia dormir ao meu lado todas as noites? Tenho medo de que este pesadelo volte a me assombrar. Me promete? — pensou ela.Romeu sorriu sem graça e perguntou insistentemente o que ela pensava. Anny olhou para ele e negou:— Não é nada, falei em voz alta, só isso.Aquele momento foi mágico. Romeu ajeitou o outro lado da cama do hospital, enxugou suas lágrimas, mordeu os lábios, tentando devolver-lhes um pouco de cor, e sussurrou:— É sério mesmo, Anny, que eu tenho que deitar aqui?— Você prometeu, Fernando.— Está bem.Romeu deitou-se ao meu lado. Senti uma sensação de promessa cumprida. Ele deixou sua timidez de lado.— Romeu?Chamei mais
Naquela manhã, o dia começou bem. Para muitos, sim. Para poucos, também. Não há dias ruins para quem deseja viver em paz, mesmo carregando um fardo pesado. São coisas inevitáveis — talvez sim, talvez não. Não é teoria para aqueles que têm mentes completamente diferentes.Ao chegarmos em casa, depois de um dia de reencontros, uma moça estava parada na frente da entrada principal, nos esperando.— Bom dia, senhor Goz — disse a moça.— Bom dia. Sou a senhora Goz. O que deseja? — perguntei.— Pretendo falar em particular com o senhor Goz.— O que deseja? Afinal, quem é você? — perguntou Romeu, curioso.— Me chamo Dayana Valentina. Sou a funcionária que veio cozinhar para vocês. Fui indicada pela sua mãe, dona Cecília.— Ah… Entendi. Entre, por favor.Ela entrou na sala de estar. Observei-a dos pés à cabeça. Era uma moça muito bonita. Seu olhar era vago. Por ser tão bela, parecia que sofria, ou já havia sofrido, na vida. Ainda assim, me mantive alerta. Mesmo que parecesse boa ou inocent
— Por que ele deve ir até a delegacia? Meu marido não fez nada! Você, que é advogado, prenda esse xerife! Ele sim é o criminoso. Meu marido, não!Minhas amigas me ajudaram a pegar minha bolsa. Naquele momento, eu estava tão nervosa que mal conseguia assimilar o ocorrido. Romeu olhou para mim e sussurrou:— Não quero que me acompanhe, Anny. Será muito difícil pra mim, ver você naquele lugar. Prepare-se para a imprensa... todos ficarão em cima de você. Passe um tempo na casa da minha mãe. Ficarei mais tranquilo.— Não vou te deixar sozinho. Eu vou, e ponto final.— Que mulher teimosa... — disse ele, tentando disfarçar um sorriso triste.Estava tão nervosa que até a fome tinha passado. Percebi que meu marido estava com medo, mesmo tentando esconder isso, para não me deixar ainda mais abalada. Segurei firme uma de suas mãos. Ele precisava do meu apoio. Eu não entendia o motivo daquela covardia.Peguei o celular de Romeu e procurei o contato do advogado da família. Liguei imediatamente para
— Olhe para mim, filha — pediu Cecília.Não estava com ânimo para ver ninguém, mas, pela insistência dela, olhei lentamente, como se pedisse por misericórdia.— Tenha paciência — disse ela, com voz suave. — Em breve, meu filho estará ao seu lado novamente.— Não sinto isso, minha sogra. No entanto, esperarei em nossa casa. Não entendo por que Oscar fez essa maldade com meu marido. Nunca irei perdoá-lo por essa injustiça.— Eu entendo, mas neste momento você precisa pensar em si mesma. Não pense em Oscar, ele não vale a pena. Durma um pouco, estarei aqui com você.Adormeci, exausta, com a esperança de que meu marido voltasse. Era um dos dias mais sombrios da minha vida. O que antes eram apenas palavras, agora soavam como um chamado da alma.Já era madrugada quando minha sogra me sacudiu para me despertar daquele pesadelo. Ao abrir os olhos, Cecília estava de pé com uma bandeja de jantar. Peguei a bandeja e pedi que ela trouxesse um café com leite. Menti — queria fugir do hospital e esta
— O imbecil do seu marido está em liberdade — disse ele, com uma voz rouca, carregada de ódio.— Era o mínimo que podia fazer. Sabia que você era um covarde, capaz de prender alguém inocente. Estou te avisando: fique longe de nós!Desliguei o celular. Me joguei no chão, em agradecimento. Meu corpo tremia de emoção. Eu sabia que jamais falharia. Por fim, veria novamente o meu marido. Comecei a gritar, tomada pela alegria. Todos ficaram confusos naquela sala. Peguei minha bolsa e saí correndo, pedindo que as garotas me acompanhassem.Meu coração pulsava de felicidade. Abri a porta do carro com pressa. Loe me olhava, surpresa com minhas atitudes inesperadas. Cecília assumiu o volante, compartilhando da mesma alegria que eu. Rebeca não parava de resmungar, mas dei de ombros. Só conseguia sorrir. O medo vinha e, às vezes, me fazia entrar em pânico. Mas não importava. Cecília estacionou o carro e, ao avistar meu marido saindo daquele lugar, pensei: O que vai acontecer depois disso? O dia par
— Senhora? Beba conosco, enquanto pensamos um pouco mais. Insisto, por favor!— Posso me juntar a vocês?— Claro — respondeu Romeu.Sentei ao lado do meu marido, cruzando as pernas, mostrando o quanto estavam torneadas. Peguei sua mão, entrelaçando os nossos dedos. Senti a pulsação dele junto à minha. Estar ao lado dele me fazia sentir viva novamente.A reunião durou mais de duas horas. Ao final, me despedi dos senhores. Romeu saía primeiro quando segurei sua mão, puxando-o para mais perto. Sussurrei em seu ouvido:— Estou feliz em te ver... mesmo magoada, seu idiota!Comecei a bater em seu rosto com todas as minhas forças, tomada pela raiva e mágoa.— O que isso significa, Anny?— Isso? Não é nada... comparado a tudo que você me fez passar!— Para de me bater, Anny! — Romeu pediu mais de uma vez, sentindo o peso da minha mão. Quando ergui a mão de novo, ele segurou e gritou:— Pare com isso, senão...— Senão o quê?— Não me provoque, Anny. Fale o que quer e vá embora!— Seu babaca...