5

Ouvi uma voz familiar:

— O que faz na chuva, minha esposa?

Romeu chegou naquele lugar me assustando — não esperava pela presença dele. Respondi sem rodeios:

— Esbarrei em Oscar. Estava distraída, ele estava apenas pedindo desculpas pelo esbarrão. Vamos, Romeu.

Ele me levou até o jornal. Pedi suavemente:

— Pode ajeitar o guarda-chuva?

Ele se ajeitou, colocando sua mão na minha cintura. Olhou para mim com um jeito delicado e doce. Arrumou o meu xale, que estava em volta do meu pescoço, e sussurrou:

— Não quero que você se aproxime daquele idiota, está me entendendo, Anny?

Fiquei surpresa com aquele pedido. Não conhecia bem aquele homem e não entendia o motivo de tanta aversão ao senhor Oscar.

— Sim, Romeu. Como você quiser. Mas… o que ele fez pra você?

— Ele é meu inimigo desde a faculdade. Trabalhamos juntos num evento para uma empresa de telefonia. O pai dele o colocou como encarregado, e eu tenho que aturá-lo até o fim do contrato — mais dois anos. O que eu pedi é uma ordem!

— Está bem, esposo. Não se preocupe.

Depois que cheguei na congregação, estava ainda mais molhada pela ventania. Romeu, mesmo sendo frio, foi cuidadoso. Parou na porta esperando que eu entrasse. Achei até cavalheiresco — algo que ele nunca percebia em si mesmo.

— Anny?

— Hum?

— Esperarei você às sete horas em casa. Mandarei Robert buscá-la. Hugo ficará comigo hoje, vou precisar dele.

Sorri com aquela pequena evolução vinda de Romeu, mesmo que ele não percebesse as mudanças. Entrei no jornal e logo encontrei minhas amigas, Rebeca, Loe e Bernardo, observando tudo pela janela. Elas não paravam de rir. Rebeca falou empolgada:

— Amiga, esse é o famoso tecnólogo, Romeu Goz?

— Sim, esse é meu esposo.

— Ai, meu Deus! Agora fiquei sem ar com a beleza desse homem!

Bernardo ficou em silêncio, claramente constrangido com a empolgação delas. Saiu da sala sem que elas percebessem. Senti sua falta, olhei em volta, e nada. Agiu estranhamente, mas dei de ombros.

Fui entrevistar o presidente. No caminho, encontrei meu chefe mal-humorado, que me informou que minha viagem à Nova Zelândia estava marcada para o fim de semana. Sabia que seria impossível viajar — eu era casada agora. As ligações de Romeu estavam insistentes. Resolvi atender, saindo para fora.

— Romeu? O que houve?

— Preciso de você em casa. Urgente.

Não precisei de mais nada. Desliguei o celular e corri para pegar minha bolsa. Enquanto estava no táxi, pensei:

Por que me importo tanto com ele? Deixei uma coletiva de imprensa por Romeu… Que sentimento é esse?

Chegando em casa, larguei minhas coisas no chão e corri pelos cômodos:

— Romeu! Romeu?!

Uma senhora desceu as escadas:

— Você é Anny?

— Sim, senhora. Quem é você?

— Sou Cecília Goz, mãe de Fernando.

— O que houve com meu marido?

— Ele está muito febril, chamava seu nome sem parar. Fui até a cozinha e, quando voltei, ele já tinha te ligado.

— Ele fez bem em me ligar. Vou vê-lo.

Subi as escadas às pressas, aflita. Entrei no quarto, me aproximei devagar. Peguei sua mão, acariciei, e fiquei ao lado dele, esperando que acordasse.

— O que aconteceu com você? — perguntei em voz alta, deixando o silêncio de lado. — O que lhe deixou assim?

Me surpreendi com meu próprio jeito de agir.

— Está acontecendo o que eu mais temia, Anny — disse ele, baixinho, ainda segurando minha mão.

— Do que está falando?

— Você ainda não percebeu, mas seus sentimentos já falam por você.

— Isso é bom ou ruim?

— Para mim e para você, pode ser ruim. Eu sabia que esse sentimento poderia me machucar.

Romeu falava de sentimentos. De frente para mim. Segurava minha mão com olhos vagos. Soltei a mão dele. Meu coração estava prestes a explodir. Me deitei ao lado dele, exausta, e adormeci.

Já era tarde da noite quando Romeu acordou e me viu dormindo ao seu lado. Ficou em silêncio, observando meu rosto. Admitia que eu era linda até dormindo. Pegou o cobertor e me cobriu, sussurrando:

— Minha vida foi cheia de perdas. Não consigo permitir que outra mulher tome o lugar da minha esposa… Eu sei, Anny, você tenta me agradar. Estou sendo difícil com você, é algo mais forte do que eu. Já acreditei no amor… hoje, não mais.

Na manhã seguinte, Romeu acordou cedo e ajudou sua mãe na cozinha. Sua irmã, Tatiane, estava pronta para voltar para casa. Cecília não parava de perguntar onde estava a felicidade que, um dia, seu filho teve.

Enquanto isso, eu ainda estava na cama, exausta. Meu corpo doía como se tivesse levado uma surra. Meus olhos se recusavam a abrir. Até que senti o cheiro de café. Abri os olhos lentamente e vi a bandeja de café da manhã, com um bilhete:

"Obrigado por cuidar de mim. Mamãe e minha irmã voltaram pra casa. Aproveite para descansar.

R.G."

Levantei com cuidado, tomei o café. O relógio marcava mais de oito horas. Resolvi tirar o dia de folga. Olhei em volta — tinha o dia inteiro naquela casa enorme.

Vesti uma roupa confortável. O dia estava quente e lindo. Abri a janela, senti o calor queimando minha pele. Arrumei a cama e fui para a sala assistir TV. Me sentei no sofá. Passava uma cena quente… algo dentro de mim reagiu. Estava me sentindo estranha. Pela primeira vez, tive vontade de me tocar. Meus gemidos eram altos, nem percebia o que havia ao redor.

Estava prestes a atingir o êxtase, quando ouvi uma voz familiar:

— Anny?

Abri os olhos e vi Romeu na minha frente. Ele me observava, braços cruzados. Não parecia surpreso. Era como se soubesse exatamente como eu estava por baixo da roupa. Ele falou, firme:

— Vista-se, Anny. Terei uma reunião aqui em casa em alguns minutos. Não sabia que gostava de se tocar pra sentir prazer… boa tática, minha esposa, para saciar seus desejos famintos.

— Deixe de ser bobo, Fernando. O que você viu não é o que está pensando.

Ele me pegou pelo braço, bravo:

— Você me chamou de quê?

— De Fernando… Algum problema?

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