Dom respirou fundo, afastando um pouco o queixo do cabelo dela, como se buscasse coragem.
— Enquanto eu bebia muito… Janete trabalhava aqui. Limpava a casa, cozinhava, fazia companhia. — a voz dele saiu grave, cansada.
— E eu acabei me envolvendo. Dormi com ela algumas vezes. Ela criou expectativas das quais eu nunca poderia corresponder.
Marvila manteve os olhos baixos, passando a mão nervosamente sobre a barriga. Depois, ergueu o olhar e perguntou, curiosa e séria:
— Foi só se xo? Sem sentimentos?
Dom soltou uma risada curta, quase amarga, exultante com a própria sinceridade:
— Sim. Na maior parte do tempo eu mal me lembrava do que estávamos fazendo. Eu só… bebia e deixava acontecer. Conversávamos. Ela passava muito tempo aqui.
O silêncio caiu pesado. Marvila engoliu em seco, com o rosto sem expressão. Ficou quieta por alguns instantes, até que murmurou baixinho, quase para si mesma:
— Homens não ficam sozinhos… é normal.
Ela suspirou, pensativa, e acrescentou:
— Mas eu acho que ela