O silêncio na cozinha ficou insuportável. Dom respirava fundo, com o olhar perdido na parede. Então, sem conseguir mais segurar, murmurou com a voz falha:
— Ana… era o nome da minha esposa.
Marvila gelou. Ele tentou continuar, mas a voz embargou:
— Esse nome… ele me corta ao meio. E as pessoas vão falar.
As lágrimas vieram sem pedir licença. Ele se levantou bruscamente, empurrou a cadeira para trás e saiu sem olhar para trás. Marvila ficou paralisada, com o coração disparado, sem saber o que dizer.
Poucos minutos depois, ela ouviu o motor da caminhonete e o portão. Dom havia saído.
Ele foi direto para o cemitério, estacionou, andou chorando até o túmulo de mármore frio onde estavam Ana Carolina e o filho. Ficou ali ajoelhado, soluçando como uma criança.
— Eu não consigo, Carolina… eu não consigo esquecer. Eu tô perdido.
Depois de um tempo, sem forças, levantou e dirigiu até um bar na beira da estrada. Pediu um conhaque, depois Campari, depois pinga. Antes das dez da manhã já estava ca