Capítulo 5
LUMINA

Finalmente chegou a manhã do aniversário do Ollie.

Ele tinha voltado do hospital há cinco dias, e embora ainda fraco, estava tão animado que estava pulando pela casa apesar do seu estado debilitado. Não conseguia ficar parado em lugar nenhum.

— Papai está em casa? — foram suas primeiras palavras quando entrou na cozinha, seu pijama de dinossauro amassado do sono.

Olhei para cima das panquecas de aniversário que estava fazendo — verdes com "manchas" de gotas de chocolate para parecer com seu dinossauro favorito.

— Ele teve uma reunião cedo, querido, mas prometeu voltar para sua festa esta tarde.

O fato de ter mentido para ele estava fazendo meu estômago revirar de culpa. Xenois não tinha vindo para casa na noite passada. Seu lado da cama permaneceu intocado, seu telefone indo direto para a caixa postal quando liguei.

Mas não conseguia suportar começar o aniversário dele com decepção.

— Posso abrir um presente agora? — perguntou, enquanto subia numa banqueta da cozinha, seus olhos azuis — tão parecidos com os do pai — cheios de animação.

— Um pequeno — concordei, passando um pacote embrulhado pelo balcão.

— Feliz aniversário, meu menino corajoso.

Ele rasgou o pacote com mais força do que havia demonstrado em dias, revelando um triceratops de pelúcia.

— Mãe! É igualzinho ao do meu livro! — abraçou forte, sorrindo radiante.

— Achei que você gostaria — disse enquanto coloquei um prato de panquecas de dinossauro na frente dele, decorado com uma vela "5".

— Faça um pedido.

Ollie fechou os olhos com força, pensando muito, então assoprou a vela.

— O que pediu? — perguntei, embora pudesse adivinhar o que ele queria.

Ele balançou a cabeça lentamente enquanto dizia. — Não posso falar ou não vai se realizar. Mas acho que você sabe.

Eu sabia. Ele pediu para o pai aparecer para ele pelo menos uma vez. Para ser o pai que ele precisava. Para estar presente na vida dele.

Depois do café da manhã, passamos a manhã preparando o local e colocando decorações para a pequena festa. Apenas algumas crianças da matilha, alguns amigos da escola do Ollie.

Eu tinha contratado um animador com tema de dinossauros, encomendado seu bolo favorito, e transformado nosso quintal num mundo pré-histórico.

Às duas horas, tudo estava pronto exceto por uma coisa: Xen ainda estava em lugar nenhum.

— Ele vai estar aqui — prometi ao Ollie enquanto o ajudava a vestir sua roupa especial de aniversário — uma camisa social com pequenos dinossauros estampados. — Ele prometeu.

A festa prosseguiu sem a presença do Alfa. Ollie colocou uma cara corajosa, rindo com os amigos, assoprou as velas do bolo, abriu presentes.

Mas o flagrei olhando para a porta cada vez que abria, esperança nos olhos apenas para desmoronar quando não era seu pai.

Às cinco, a maioria dos convidados tinha ido embora. Ollie estava sentado quieto no sofá, seus brinquedos novos intocados ao lado dele, segurando firme o triceratops de pelúcia.

— Ele não vai vir, vai? — perguntou enquanto me sentei ao lado dele.

O puxei para perto, lutando contra as lágrimas enquanto balancei a cabeça.

— Não sei, amor. Ele ainda pode chegar.

— Tudo bem — sua pequena voz partiu meu coração. — A mamãe do Riley provavelmente precisava mais dele.

Ele soou resignado ao dizer isso. Eu estava furiosa. Nenhum menino de cinco anos deveria passar por isso, aceitando que não é importante para seu próprio pai biológico.

— Que tal irmos tomar sorvete? — sugeri na hora tentando deixá-lo feliz.

— Só eu e você. Podemos ir naquele lugar perto do parque com trinta sabores.

Seus olhos se arregalaram enquanto olhou para mim surpreso e incrédulo.

— Sério? Mesmo tendo comido bolo?

— É seu aniversário. Sobremesa dupla definitivamente faz parte do presente.

Pela primeira vez no dia todo, ele sorriu amplamente acenando com a cabeça. — Posso levar o Tricy? — ergueu o dinossauro de pelúcia.

— Absolutamente. Tricy também merece sorvete.

Quando saímos, deixei uma mensagem final na caixa postal do Xenois: "Esperamos por você. Ollie manteve esperança até o fim. Estamos indo tomar sorvete agora porque me recuso a deixar sua ausência arruinar o dia inteiro dele. Não sei onde você está ou o que era mais importante que o quinto aniversário do seu filho, mas espero que tenha valido a pena quebrar o coração dele."

A sorveteria ficava a apenas alguns quarteirões de distância, numa caminhada da nossa casa. Ollie estava ficando cansado enquanto andávamos, mas sua animação com a promessa do sorvete o mantinha andando.

— Que sabor está pensando? — perguntei, segurando sua mão enquanto esperávamos numa faixa de pedestres.

— Chocolate com pedacinhos e minhocas de goma por cima — decidiu, saltitando nos dedos dos pés apesar do cansaço óbvio no rosto.

O sinal mudou para verde e entramos na faixa de pedestres. Foi quando vi — o enorme painel eletrônico do outro lado do parque, que geralmente mostrava anúncios da cidade ou propagandas.

Hoje mostrava um Xenois sorridente, braço ao redor da Sophia, ambos radiantes para um menino de cabelo escuro assoprado velas de aniversário num bolo elaborado. "FELIZ ANIVERSÁRIO RILEY!" dizia a legenda, seguida de "Do Prefeito Blackwood e a cidade de Silver Creek."

Congelei no meio do passo chocada com o que estava vendo, a mão do Ollie na minha. Ele seguiu meu olhar, seu pequeno corpo ficando imóvel ao reconhecer o pai celebrando o aniversário de outra criança — o aniversário que ele tinha prometido passar com o próprio filho.

— Mamãe? — a voz do Ollie estava pequena, soando confusa. — Por que papai está no aniversário do Riley?

Antes que pudesse responder, ou puxá-lo para longe do painel, ouvi o som de pneus derrapando. Tudo ficou em câmera lenta para mim. Me virei para ver um carro vindo em nossa direção, o rosto do motorista cheio de pânico. Ainda estávamos na faixa de pedestres, congelados em choque com a traição do Xenois.

Me movi imediatamente, empurrando Ollie para frente com toda minha força. Ele tropeçou chegando à calçada enquanto o carro bateu em mim, me mandando voando. Senti muita dor e depois mais nada quando minha visão ficou escura.

Acordei com os gritos do Ollie nos meus ouvidos. Ele se ajoelhou ao meu lado no pavimento, lágrimas descendo pelo seu rosto pálido. Ao nosso redor, uma multidão tinha se formado. Alguém estava chamando uma ambulância.

— Mamãe! Mamãe, acorda!

Tentei me mover, alcançá-lo, mas meu corpo não cooperava. Algo estava muito errado comigo. Podia sentir gosto de sangue.

— Ollie — consegui dizer, soando rouca e cansada enquanto o examinei com os olhos. — Você se machucou?

Ele balançou a cabeça, segurando Tricy no peito com uma mão enquanto a outra acariciava meu rosto gentilmente. — O carro não me acertou. Você me empurrou.

Senti alívio inundando meu corpo. Ele estava seguro. Nada mais importava.

Mas então Ollie tremeu, e cambaleou, seu rosto ficando pálido de choque. Seus olhos reviraram, e ele caiu ao meu lado no pavimento.

— Ollie! — gritei, sentindo nova dor inundando meu corpo tentando me mover. — Alguém o ajude! Por favor!

Uma mulher da multidão correu para frente, verificando seu pulso. — Ele está respirando, mas mal. A ambulância está vindo.

Alcancei nossa conexão de companheiros, enviando um apelo desesperado ao Xenois. — Ollie desmaiou. Precisamos de você. Por favor.

Pela primeira vez em meses, senti a conexão ganhar vida. O choque e medo do Xen vieram inundando de volta para mim. Ele tinha recebido minha mensagem.

Quando as sirenes se aproximaram, os olhos do Ollie se abriram lentamente encontrando os meus olhando para ele.

— Mamãe — sussurrou, sua voz soando fraca. — Vi papai na TV grande.

— Eu sei, amor. Sinto muito.

— Diz para ele... — pausou, tentando respirar — diz para ele que está tudo bem. Ele não precisa me amar mais. Eu entendo.

Lágrimas desceram pelo meu rosto. — Não, Ollie. Ele te ama sim. Ama.

Mas os olhos do Ollie tinham se desviado para o painel de novo, ainda mostrando a cena feliz do aniversário que Xenois tinha escolhido comparecer em vez do do próprio filho. Uma única lágrima escorreu pela sua bochecha pálida.

— Estou muito cansado, mamãe.

— Fica comigo, querido. Os médicos estão vindo. Apenas aguenta.

Mas eu podia sentir que ele estava se afastando da nossa conexão enquanto ficava cada vez mais fraca. A doença misteriosa era demais para ele batalhar.

— Te amo, mamãe — sussurrou, sua pequena mão segurando firme a minha. — Não fica brava com papai. Ele só ama mais o Riley.

E então, quando a ambulância parou e paramédicos correram em nossa direção, Ollie fechou os olhos pela última vez.

Sua mão ficou mole na minha, o triceratops de pelúcia caindo esquecido no pavimento quando seu coração parou de bater.
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