Acabei de sair do palácio do Alto Rei e dei de cara com Iris e os irmãos de alcateia dele.

Assim que me viram, os herdeiros dos quatro clãs se dispersaram como se alguém tivesse jogado uma pedra em um ninho de vespas.

Antes de irem embora, ainda fizeram questão de me provocar:

— Veio atrás do Alfa Iris de novo, é? Sophie, você é corajosa mesmo, faz qualquer coisa pra conquistar um homem. Não tem medo do seu avô, aquele herói que já morreu, ficar decepcionado lá de cima?

Iris ficou parado onde estava, com um olhar tão frio quanto gelo do polo, me analisando de cima a baixo.

— O que veio fazer aqui? Vai pedir pro Alto Rei te ajudar mais uma vez? Ou vai tentar de novo aquela velha história do seu avô, dizendo que ele salvou o rei na guerra? Vocês da sua família já não cansaram de repetir esse favor por décadas?

A voz dele era cheia de desprezo, o olhar transbordando impaciência.

— Você fez tanto escândalo que já virou fofoca no palácio inteiro. Eu já perdi a conta de quantas vezes passei vergonha por sua causa. Não vou te marcar. Nem que você se ajoelhe diante da Deusa da Lua implorando, não vai adiantar.

Esse olhar… Eu conheço bem demais.

Toda minha paixão nunca mexeu com ele, nem por um segundo.

Controlei a emoção que subia e falei com calma:

— Isso não tem nada a ver com você. O Alto Rei me chamou aqui. Amanhã ele mesmo vai conduzir minha cerimônia de maioridade.

Assim que falei isso, os herdeiros que ainda não tinham ido embora ficaram parados, surpresos.

— O Alto Rei vai pessoalmente conduzir sua cerimônia de maioridade?!

Eu sabia por que eles ficaram assim.

O Alto Rei já fazia anos que não participava dessas cerimônias, nem mesmo quando era algo da própria família. Se resolveu aparecer agora, não era só pra uma cerimônia de maioridade.

Vivo em um mundo onde existem quatro grandes raças sobrenaturais: lobisomens, vampiros, dragões e sereias. Eu sou uma loba de sangue puro, linhagem perfeita, a companheira ideal para futuras gerações.

O Alto Rei já tinha avisado, quando eu ainda tinha dezessete anos, que, na minha cerimônia de maioridade, escolheria meu marido entre os príncipes das quatro raças. Esse homem herdaria o poder e as terras do Alto Rei, se tornando o novo soberano de todos.

Quando todos perceberam isso, começaram a rir, dando tapinhas nas costas do Iris, com olhares cheios de intenções ocultas.

— Parabéns, Alfa Iris, seu futuro está garantido, hein.

— Depois não esquece da gente, hein? O Alto Rei está do seu lado, agora você é mesmo o sucessor ao trono.

Iris me lançou um olhar de lado, o sorriso misturando orgulho e ironia.

— Você me perseguiu por tantos anos, agora finalmente conseguiu o que queria. Tá feliz?

Ele se aproximou e baixou a voz:

— Mas vou avisar logo, pra evitar confusão depois. Tem que ficar claro, esse vínculo de companheiros é só de fachada. Na aparência, você pode até ser minha Luna, mas não se mete na minha vida pessoal e nem tente controlar a mim ou ao meu lobo.

— Se fizer tudo como eu quero, até posso aceitar te marcar.

Na hora, senti a raiva subir. Esse tipo de exigência... é tão absurda que chega a ser inacreditável.

Passou um pensamento pela minha cabeça.

Será que... ele também renasceu?

Nesse momento, ouvi uma voz delicada me chamando pelas costas:

— Mana...

Virei e vi Ruby se aproximando, usando um vestido de veludo luxuoso. Os olhos ainda vermelhos, tossiu duas vezes e veio até mim com uma expressão inocente.

Na mesma hora, Iris mudou de atitude, correu até ela:

— Você ainda não tá totalmente recuperada, por que saiu assim?

Ruby olhou pra baixo e falou baixinho:

— Foi o papai que pediu... Ele disse que ficou com medo de a mana ficar sozinha aqui no palácio.

Iris virou pra mim, rindo com desprezo:

— Que frescura, precisa de companhia até pra sair? Não tá vendo que a Ruby ainda tá doente?

Depois disso, ele saiu de mãos dadas com a Ruby.

Antes de ir embora, ainda se virou pra mim com um olhar frio, cheio de ameaça:

— Sophie, se você continuar agindo toda superior e implicando com a Ruby, não vai ter cerimônia nenhuma entre a gente!

Dei um sorriso irônico.

Iris, dessa vez, quem não quer mais se ligar a você sou eu.