A tensão pairava no ar como uma tempestade prestes a desabar. Eu sentia, desde o momento em que pisei na calçada de mármore da entrada da empresa, que havia algo errado. Uma eletricidade amarga, como se o dia já começasse com veneno nas veias.
Já era fim do expediente, o cansaço tomando conta do meu corpo e mente, e então o vi. Damon Montserrat, o homem que carregava o mesmo sobrenome que Thomas, mas não o mesmo sangue — ao menos não que alguém quisesse admitir. Ele estava lá, à minha espera, com o mesmo olhar cínico de sempre, escorado no corrimão como quem se acha dono do lugar.
Meu corpo inteiro ficou em alerta. Eu podia sentir o instinto de Thomas se acender também, atrás de mim. Ele deu um passo à frente, mas eu levantei a mão, bloqueando-o sem dizer uma palavra.
— Esse é meu momento, Thomas. — disse sem me virar, minha voz firme como aço. — Eu cuido disso.
Ele hesitou. Eu o conhecia o suficiente para saber que isso era tortura para ele, mas Thomas confiava em mim. Ao menos o suf