Ela franziu a testa. O homem se ajoelhou na frente dela e então, Zoe pode ver o rosto dele com mais clareza.
“Max?” ela perguntou e ele abriu um sorriso.
“Isso!” uma buzina os interrompeu. “Vem, entra no carro! Vamos conversar melhor!”
Ela concordou e ele a ajudou a se levantar.
Maxton e Zoe eram amigos desde criança, mas quando fizeram doze anos, os pais dela se mudaram de Beaufort, Carolina do Sul, para San Diego, na Califórnia. Desde então, acabaram perdendo o contato.
Uma vez dentro do carro, Maxton finalmente viu que Zoe estava com as palmas das mãos sangrando, além de um joelho ralado.
“Vamos ao hospital, sim?” ele disse, mas Zoe negou.
“Não é necessário. Eu posso dar um jeito nisso em casa,” ao dizer isso, ela se lembrou de Hayden e da briga. Ela não tinha casa, no fim das contas.
A mão de Maxton no ombro de Zoe a fez voltar à realidade. Ela se virou e viu um grande sorriso no rosto do homem.
“Zoe, por favor! Além disso, por que você estava andando tão despreocupadamente no meio da rua?” ele a olhou intensamente. “Sei que estamos há anos sem nos vermos, mas ainda a considero a minha melhor amiga. Nunca fomos de guardar segredos!”
Zoe lembrou-se de como ela e Maxton eram próximos quando crianças.
“Isso é… Max, eu…” ela suspirou. “Eu estava pensando na morte dos meus pais e…”
O rosto de Maxton mudou.
“O senhor e a senhora Fleming… Eu sinto muito, Zoe!” ele queria abraçá-la, mas eles já não eram mais crianças e ele sabia que talvez fosse impróprio. Por isso, Maxton manteve a mão em cima do próprio joelho. “Por mais que tenhamos passado tanto tempo longe um do outro, saiba que eu estou aqui por você!”
Há muito tempo que Zoe não se sentia daquele jeito: acolhida. Hayden, por mais que fosse o marido dela, não era gentil e amoroso, nem caloroso. Ele foi, no início, antes do casamento. Mas depois…
Maxton percebeu o rosto triste da amiga e sentiu pena dela.
Ele olhou para o motorista e pediu que os levassem ao hospital. Este o fez e Zoe, perdida em pensamentos, não ouviu e, por isso, não pode falar nada contra.
No hospital, ela foi bem atendida. Porém, uma enfermeira, que conhecia Barbara, reconheceu Zoe e logo mandou uma foto para a outra.
Barbara estava em casa, com Hayden bebendo na sala. Ela sentiu o celular vibrar e, ao ver a foto, abriu um sorriso.
“Barbara, eu já vou!” Hayden falou. Ainda que ele quisesse ferir Zoe, não dormiria ali. Seria melhor ir para um hotel e que Zoe pensasse o que preferisse.
Ele se levantou, indo em direção à cozinha, onde Barbara estava e a viu olhando o celular, com uma mão cobrindo a boca.
“Oh, Hayden!” ela disse e ele franziu o cenho.
“O que houve?”
Ela escondeu o telefone atrás das costas.
“Nada!”
Hayden não acreditou e caminhou até ela, puxando-lhe a mão e Barbara não ofereceu resistência suficiente, afinal, ela queria que Hayden visse.
Assim que os olhos dele focaram na foto na tela do aparelho, o sangue lhe ferveu. Zoe estava com outro homem!
“Ela se atreve a me trair?!”
Barbara gostava que Hayden ficasse com raiva de Zoe, porém, não pode deixar de pensar que ele estava sendo hipócrita, se para todos os efeitos, estava traindo Zoe!
“Hayden, talvez seja um mau entendido… Zoe gosta tanto de você. Ela não te trairia desse jeito.”
Ele olhou para Barbara e apontou para o telefone da mesma.
“Gosta de mim? Olha como esse homem segura a mão dela!” Ele inspirou fundo, com raiva, e voltou para a sala, pegando o casaco do paletó e bebendo todo o conteúdo do copo de uísque em cima da mesa. “Eu vou buscar essa vagabunda agora mesmo! Onde ela está?”
Barbara mordeu o lábio e falou que Zoe estava no Hospital Geral, pois uma amiga dela havia mandado aquela foto ao pensar que aqueles dois formavam um lindo casal.
Sem mais, Hayden saiu dali e foi atrás da esposa, no entanto, ao chegar lá, Zoe já havia ido embora. Ele pegou o celular, procurou o contato dela e clicou em ‘ligar’.
‘Este número encontra-se desligado ou fora da sua área de cobertura’.
Zoe havia bloqueado o número de Hayden!
“Ah, maldita!”
Ainda que Hayden não quisesse admitir, ele sentiu ciúmes ao ver Zoe com outro homem. Durante todo o tempo em que estavam juntos, ela só tinha olhos para ele.
“Que mentirosa! Ela dizia me amar, mas não passava de mentira!” Ele deu um soco no banco do carro. “Eu sou um imbecil, mesmo! É claro que ela só estava comigo pelo dinheiro!”
Naquela noite, Maxton levou Zoe para a casa da irmã dele, afinal, ela havia se machucado e ele não queria que ela ficasse sozinha. Zoe não havia dito que era casada.
“Eu só me machuquei um pouquinho, não é pra tanto!” ela reclamou, mas Bethany Steele negou com a cabeça. Ela era dois anos mais nova do que Maxton, portanto, tinha lembranças da boa e doce Zoe.
“Não, não! Você se machucou! Vai que algum trauma aparece depois? Além disso…”ela fez beicinho. “Eu estou cansada de ficar sozinha! Cheguei há pouco nesta cidade e seria bom ter companhia. Companhia feminina! Max é muito chato!”
“Eu estou aqui ainda, sabia?” ele perguntou e os três riram. Zoe acabou aceitando.
Zoe conversou muito com Bethany, até dormir. Enquanto isso, Hayden a procurava pela cidade.
“Desculpe, senhor, não localizamos a senhora Javernick,” o assistente pessoal de Hayden, Jase Pierce, disse, de cabeça baixa.
“Ela tem que estar em algum lugar!”
“Senhor… Desculpe dizer isso, mas… A madame deve estar muito magoada com o que aconteceu. O senhor anunciou o noivado com outra mulher.”
Hayden, que estava de olhos fechados, segurando a cabeça nas mãos, enquanto apoiava os cotovelos em cima dos joelhos, levantou os olhos para o assistente.
“Está com pena dela, Pierce? Você sabe o que essa vadia fez!”
Sim, Jase tinha sido informado, porém, ele não conseguia acreditar!
“Desculpe, senhor,”
“Vá procurá-la!”
Jase saiu dali e então, ligou para o investigador.
“Por favor, me diga que tem notícias!”
“Sim! Eu estava para te ligar! Vou te mandar as provas por email. Tem vídeo e tudo!”
O assistente abriu imediatamente o email e lá estava. Ele leu e assistiu tudo.
Já pela manhã, ele tentou contato com o patrão, mas Hayden não estava em casa e nem atendia ao telefone.
Zoe e Bethany foram passear. Após a insistência de Bethany, Zoe acabou contando que estava sem emprego e que, por isso, sem dinheiro.
Bethany não quis entrar em mais detalhes, então, disse a Zoe que queria fazer compras e, claro, ao chegarem nas lojas, falou que não teria graça nenhuma só ela escolher peças.
“Eu não posso pagar por nada aqui, Beth!”
Bethany revirou os olhos.
“Deixe disso! Você disse que queria me ver sorrindo. Pois bem… Isso vai me fazer muito feliz!” Bethany segurou o braço de Zoe. “Ah, por favor! Não nos vemos há tanto tempo… Vai me negar? Eu era como a sua irmã mais nova!”
Zoe acabou aceitando, até porque ela não tinha nada e precisaria em breve contar a verdade à irmã de Maxton.
Barbara estava fazendo compras, pois queria sair para jantar com Hayden. Ela aproveitaria que o mesmo estava com ainda mais raiva de Zoe e tentaria seduzi-lo.
Maxton resolveu almoçar com a irmã e com Zoe.
“Ai, eu esqueci meu celular no balcão da recepção! Já volto!” Bethany falou e saiu correndo, antes que Zoe pudesse se oferecer para ir no lugar dela.
Foi assim que Barbara viu Zoe com o mesmo homem da foto e, claro, não perdeu tempo. Ligou para Hayden.
“Hay, você disse que tava procurando pela Zoe… Eu a vi num restaurante.”
Hayden havia atendido o telefone sem olhar o visor, pois pensou que poderia ser Zoe. Ele estava de péssimo humor.
“Onde? Tem certeza de que é ela?”
Barbara tirou uma foto e a enviou a ele. Hayden urrou do outro lado da linha.
“Desculpe, Hay…”
Mas Hayden já tinha desligado o telefone e estava indo para o local.
“Hayden vai dar uma lição nessa vaca!” Barbara falou baixinho, sorrindo, e esperou.
Quando Hayden chegou no restaurante, Bethany já estava ali e ele juntou as sobrancelhas, já que seria estranho uma terceira pessoa ali, em um encontro!
“Zoe!” Ele se aproximou e os três na mesa o olharam.