Raphael
De volta ao carro, o motor rugia baixo enquanto Lorenzo mantinha os olhos fixos na estrada. A escuridão envolvia a cidade como um véu, e as poucas luzes que cruzavam nosso caminho pareciam sombras de algo maior, algo que estava apenas começando.
O silêncio entre nós era quase palpável, mas carregado de significado. Lorenzo sabia quando falar e quando manter-se calado, uma qualidade rara em homens como ele. Ainda assim, ele finalmente quebrou o silêncio:
— Foi uma jogada arriscada, Don Raphael. Salvatore não é homem de esquecer afrontas.
Virei o rosto para ele, deixando um sorriso de canto escapar.
— Justamente por isso ele agora me respeita. Homens como Salvatore só entendem uma linguagem, Lorenzo: poder. E eu fiz questão de traduzir cada palavra.
Ele assentiu, embora eu pudesse notar a tensão em suas mãos, apertadas demais no volante. Não o culpo. Essa vida não é para os fracos de coração, mas Lorenzo tinha aprendido a suportar o peso das escolhas.
— E quanto aos Spinelli? —